A FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS BIÓLOGICAS E O TEMA ORIENTAÇÃO SEXUAL
Palavras-chave:
Biologia. Orientação-Sexual. Sexualidade. Diferenças.Resumo
A temática sexualidade se constituiu, ao longo da história ocidental, como associada ao coito genital e à reprodução. Isso foi um efeito dos atravessamentos dos discursos morais, religiosos e higienistas, os quais produzem como efeito a patologização e medicalização das sexualidades que fogem de um padrão de considerado normal. Tanto na escola como nas demais instituições sociais, observa-se a reprodução de práticas voltadas à pedagogização dos gêneros e das sexualidades as quais operam como violências aos sujeitos que resistem a elas, seja porque não reproduzem os padrões de docilidade instituídos às mulheres ou pela orientação homoerótica do desejo. Parte-se do pressuposto de que a escola tem como responsabilidade a formação de cidadãos críticos e responsáveis e como um dos componentes primordiais para a formação desse cidadão, encontra-se o respeito às diversas possibilidades de expressão da orientação sexual. O professor pode ser considerado um dos melhores mediadores do desenvolvimento dos alunos, mas deve-se reconhecer que nem todos os docentes estão preparados para trabalhar o tema sexualidade nas escolas, e esse despreparo, muitas vezes tem origem em sua formação acadêmica devido a pouca discussão sobre a temática. Este trabalho teve como objetivo, por meio de uma pesquisa com questionários aplicados a alunos e alunas do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, analisar os discursos que atravessam as concepções de orientação sexual desses acadêmicos, observando como esta temática é abordada no curso, e com base nos dados obtidos, pretende-se trabalhar pressupostos teórico-metodológicos voltados à formação de qualidade dos acadêmicos e acadêmicas, para que estes/estas estejam aptos a atuarem nas questões relacionadas à gênero e a promoção de uma educação inclusiva à diversidade sexual. A amostra foi composta por 18 acadêmicos e acadêmicas com idade média de 23 anos, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Quanto a orientação afetiva-sexual, 61,12% disseram ser heterossexuais, 27,78% homossexuais, 5,55% bissexuais e 5,55% outros. Na variável religião encontramos: 44,45% ateus, 16,67% agnósticos, 22,23% espíritas, e 5,55% dos entrevistados são seguidores do panteísmo, cristianismo e catolicismo. Dos acadêmicos e acadêmicas questionados, 17 disseram se sentir atraídos pela temática orientação sexual, sendo que 66,67% deles, já fizeram alguma atividade relacionada
com gênero /sexualidade. Quanto a abordagem da temática no curso, mais de 50% disseram que esta não é feita, outros 22,22% disseram que, quando ocorre, é estritamente ligada a fatores biológicos. Quando questionados sobre diversidade sexual e de gênero, 88,89% dos questionados disseram que essa se trata de como as pessoas vivem sua vida afetiva-sexual sendo heterossexuais, homossexuais ou bissexuais. Com o presente estudo, foi observado grande interesse dos acadêmicos com a temática da Orientação Sexual bem como a necessidade e urgência de ações educativas e de orientação que extrapolem a simples abordagem biológica da temática, mas também considerem questões relacionadas à gênero, religiosidade, etnia, classe social e outros marcadores constituintes do sujeito. Por fim, constatou-se que se faz necessário formar professores para a implementação dos documentos oficiais já existentes relacionados à sexualidade como os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Política Brasil sem Homofobia visando a desconstrução de preconceitos e atitudes discriminatórias e garantindo os direitos sexuais e reprodutivos de todos os sujeitos.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.