A PRECARIZAÇÃO DA FORMAÇÃO DOCENTE NO BRASIL E A REPRODUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS

Resumo

Este trabalho apresenta uma breve sistematização dos programas de formação de professores inicial e continuada a nível federal no Brasil a partir do período da redemocratização (1985). Aponta alguns importantes elementos históricos que impulsionaram a expansão deste setor para suprir exigências no âmbito da política educacional, propondo reflexões acerca destas ações, e como na prática foi realizada a intermediação entre sociedade, política educacional e formação docente. A exposição analisa brevemente a elaboração de ações em âmbito macro, por meio da política educacional, e a prática destas ações em escala micro na formação docente. Neste cenário, indagamos especificamente a formação de licenciatura em ciências sociais, a partir do retorno da disciplina no currículo do ensino médio, por meio da Lei nº 11.684, de 2 de junho de 2008. Analisa também a reprodução dos currículos de formação inicial de professores, em lógica de dissociação entre teoria científica e prática profissional. Após esta fase analítica e com sustentação teórica pautada no campo da sociologia da educação – pensando a educação formal-, percebemos elementos que deterioram a formação docente de forma ampla nas licenciaturas, desvalorizando assim o exercício do professor no Brasil e que reproduzem estruturas socioeconômicas no espaço escolar, prejudicando a atuação do profissional na sala de aula. Por fim, apresentamos uma proposta de formação inicial em licenciaturas em ciências sociais pautada em seu exercício profissional, ou seja, pensá-la essencialmente como docente e não apenas centrada no conhecimento científico específico e que a formação continuada (direito e condição para a prática docente na escola básica) seja vinculada a uma série de questões e conteúdos presentes no cotidiano da escola e do professor.