Projeto Luzes: espiritualidade e práticas integrativas no contexto dos cuidados paliativos em hospitais
Palavras-chave:
cuidados;, paliativos, espiritualidade, Reiki, humanização, saudeResumo
O Projeto Luzes é uma ação de extensão da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS),
concebida para oferecer cuidado integral a pacientes oncológicos em situação de
vulnerabilidade física, emocional e espiritual. A proposta se fundamenta no princípio de que
o processo de adoecimento ultrapassa a dimensão biológica, atingindo aspectos psicológicos,
sociais e espirituais. Por isso, o projeto busca integrar espiritualidade, cuidados paliativos e
práticas integrativas e complementares em saúde, fortalecendo o vínculo entre a universidade,
os serviços hospitalares e a comunidade local. As atividades acontecem em diferentes
unidades hospitalares da região, com a participação de docentes, acadêmicos e voluntários. A
atuação contempla momentos de oração coletiva, diálogos de acolhimento espiritual, rodas de
conversa, além da aplicação de Reiki. Também são utilizados símbolos de esperança, como o
Sino da Esperança, cujo toque representa conquistas pessoais, superações e momentos
significativos na trajetória de cada paciente. Essas práticas são oferecidas de maneira
respeitosa e opcional, permitindo que os pacientes escolham participar, reforçando a
importância da autonomia em saúde. O Reiki, uma das práticas integrativas mais utilizadas
no projeto, tem origem japonesa e é reconhecido pela Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC/SUS). Baseia-se na concepção de que
todos os seres vivos possuem energia vital, essencial para a manutenção da saúde. Quando
essa energia sofre bloqueios ou desequilíbrios, podem surgir manifestações de dor,
sofrimento ou adoecimento. A técnica, aplicada por meio da imposição das mãos, busca
restabelecer a harmonia energética do corpo, promovendo efeitos como relaxamento
profundo, alívio da ansiedade, diminuição da dor, equilíbrio emocional e bem-estar espiritual.
Em pacientes em cuidados paliativos, o Reiki contribui de maneira significativa para
proporcionar conforto em fases delicadas, auxiliando também familiares e equipes de saúde
no enfrentamento das dificuldades do processo de terminalidade. Outro aspecto relevante é o
impacto positivo sobre os próprios voluntários, que relatam experiências transformadoras ao
participar do projeto. Para os Reikianos, aplicar o Reiki é um ato de cuidar do outro, em sua
dimensão espiritual, também se torna um espaço de aprendizado, fortalecimento pessoal e
crescimento interior. Evidenciou-se nos diálogos que os Reikianos acreditam que o projeto
não se restringe a beneficiar apenas os pacientes, mas atua como um espaço de troca, em que
todos os envolvidos se sentem acolhidos e fortalecidos. Fica evidente para os Reikianos que a
espiritualidade, nesse contexto, não é tratada de forma doutrinária, mas como um recurso
terapêutico que respeita crenças, valores e experiências individuais. O simples gesto de
escutar com atenção, oferecer palavras de apoio ou possibilitar momentos de silêncio e
reflexão já se mostra capaz de proporcionar serenidade e confiança em situações de
sofrimento. O Projeto Luzes evidencia, portanto, o potencial transformador das práticas
integrativas no âmbito hospitalar. Ao unir ciência, espiritualidade e humanização, reforça a
importância de enxergar o paciente de maneira holística, considerando corpo, mente e espírito
como dimensões interdependentes. Além disso, reafirma o papel da extensão universitária
como um elo essencial de transformação social, contribuindo para uma formação acadêmica
sensível e para um cuidado em saúde mais humano, inclusivo e integral.
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