Ensino de História, Interdisciplinaridade e Formação Docente: Reflexões a partir do PIBID
Palavras-chave:
PIBIDResumo
Durante a experiência como bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), os acadêmicos desenvolveram atividades fundamentais para a formação docente, abrangendo observações de aulas, participação em formações, planejamento e execução de intervenções pedagógicas junto a turmas do ensino médio na E.E.B. Zélia Scharf, além de pesquisas e leituras que ampliaram sua bagagem intelectual. Essa vivência, marcada pela troca constante com colegas e docentes, possibilitou uma aproximação concreta entre teoria acadêmica e prática escolar. Entre as intervenções realizadas, destacou se a organização de uma sala temática sobre a história da psiquiatria no Brasil, articulando conteúdos de História, Literatura e questões sociais contemporâneas. O ponto de partida foi a análise da obra O Alienista, de Machado de Assis, explorada como crítica social e como porta de entrada para refletir sobre a construção histórica da loucura e a institucionalização de pessoas consideradas “alienadas”. A partir dessa introdução literária, avançaram para a discussão do documentário Holocausto Brasileiro, que aborda as violações de direitos humanos ocorridas no Hospital Colônia de Barbacena, revelando o abandono, o preconceito e as práticas desumanas associadas ao tratamento de pessoas com sofrimento mental no Brasil. O trabalho também incluiu um resgate histórico mais amplo da psiquiatria, desde suas origens no século XIX até as mudanças promovidas pela Reforma Psiquiátrica e pela luta antimanicomial. Com base em fontes históricas e dados oficiais, discutiu se como a concepção de “loucura” foi moldada por interesses médicos, políticos e econômicos, além do estigma persistente. Metodologicamente, foram utilizadas estratégias ativas, como leitura de textos, exibição de imagens históricas, documentários e debates mediados, favorecendo o engajamento discente e a relação entre passado e questões atuais, como preconceito, precariedade das políticas públicas e necessidade de tratamento humanizado. A sala temática, apresentada durante a Semana do Conhecimento, foi organizada de forma colaborativa pelos estudantes, que se dividiram em grupos para abordar diferentes aspectos do tema: a obra O Alienista, a histeria feminina, a estrutura do Hospital Colônia de Barbacena, os trabalhos de Nise da Silveira e a revolução psiquiátrica no Brasil. O espaço reuniu painéis explicativos, fotografias históricas, trechos literários e materiais audiovisuais, criando um ambiente imersivo e reflexivo para os visitantes. Os resultados foram positivos: os estudantes problematizaram sobre como o conceito de loucura foi historicamente usado para promover exclusão, estabelecendo paralelos com preconceitos contemporâneos, assumindo protagonismo na construção do conhecimento. Para os bolsistas, a atividade revelou a importância de selecionar materiais que dialoguem com a realidade social dos jovens, como o documentário Holocausto brasileiro. A experiência revelou se enriquecedora tanto no plano pedagógico quanto no pessoal. Contribuiu para o desenvolvimento da capacidade de articular conteúdos interdisciplinares e reafirmou a educação como espaço de memória, crítica e empatia. Nesse sentido, o PIBID mostrou se essencial para a formação docente, possibilitando vivenciar a sala de aula como um ambiente de diálogo e transformação, no qual a História ultrapassa o estudo do passado e se afirma como ferramenta para compreender e intervir no presente.
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