A PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO EM CÃO: IMPORTÂNCIA DOS ACHADOS ECOCARDIOGRÁFICOS NO PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO
Palavras-chave:
Cardiopatia congênita, Ecocardiografia, Intervenção terapêuticaResumo
A persistência do ducto arterioso (PDA) é uma das cardiopatias congênitas mais comuns em cães, caracterizada pela comunicação anômala entre a aorta e a artéria pulmonar. O diagnóstico precoce e a caracterização anatômica do defeito são fundamentais para o planejamento terapêutico, sendo o ecocardiograma o método de escolha tanto para confirmar a alteração quanto para orientar a intervenção corretiva. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo relatar um caso de PDA em um cão, enfatizando os achados por ecocardiografia transtorácica e sua relevância para o planejamento da conduta terapêutica. Foi atendido um cão da raça Spitz Alemão, macho, de 4 anos, pesando 3,3 kg, encaminhado ao serviço de cardiologia veterinária da Superintendência da Unidade Hospitalar Veterinária Universitária para realização de exame ecocardiográfico. O exame evidenciou dilatação significativa do átrio esquerdo (relação AE/Ao = 2,25) e do ventrículo esquerdo (diâmetro do ventrículo esquerdo em diástole normalizado pelo peso = 2,94). A fração de encurtamento foi de 30,1%. Observou-se fluxo contínuo e turbulento da aorta para a artéria pulmonar principal, de forma unidirecional, com pico de velocidade sistólica de 6,89 m/s e diastólica de 3,78 m/s, confirmando a presença de shunt esquerda-direita. O ducto arterioso foi caracterizado com diâmetro variando de 0,77 cm a 0,83 cm. A PDA promove sobrecarga de volume em átrio e ventrículo esquerdo em decorrência do fluxo contínuo da aorta para a artéria pulmonar, resultando em dilatação atrial e ventricular, e desenvolvimento de sinais de insuficiência cardíaca congestiva, como no presente caso. A fração de encurtamento de 30,1% indica déficit sistólico, reforçando o remodelamento ventricular esquerdo frente a sobrecarga volumétrica. O ducto foi caracterizado com diâmetro considerado amplo, o que justifica a gravidade do quadro clínico e a rápida progressão para insuficiência cardíaca. Dessa forma, foi instituída terapia de suporte com uso de pimobendan (0,82 mg), furosemida (6,6 mg), espironolactona (6,6 mg) e maleato de enalapril (1,6 mg), com a finalidade de melhorar a contratilidade miocárdica, reduzir a congestão e otimizar a função cardíaca. Entretanto, ductos de grande calibre como observado neste caso, representam um desafio terapêutico, uma vez que limitam as opções de intervenção minimamente invasiva como a oclusão com dispositivos específicos de acordo com o peso do paciente. Dessa forma, o caso evidencia a importância do ecocardiograma na caracterização anatômica e funcional da PDA, permitindo mensurar a gravidade do shunt e orientar a escolha da intervenção terapêutica, fundamental para o prognóstico do paciente.
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