EDUCAÇÃO CRÍTICA COMO PRESSUPOSTO DA DEMOCRACIA

Autores

  • Antonio Ivan da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Laercio Francisco Sponchiado Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gilson Luís Voloski Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

educação crítica. Direitos Humanos. emancipação. democracia.

Resumo

Este texto tem por tema a relação entre os conceitos de educação crítica e democracia. Teve como apoio o estudo realizado no Grupo de Pesquisa Educação e Democracia (GEPED), da UFFS Campus Erechim, sobre o livro Educação e Emancipação, de Theodor Adorno. Esta obra refere-se aos escritos sobre educação, de 1950 e 1960, no retorno do autor para a Alemanha pós-nazista. Considerando que a Alemanha foi o primeiro país a acabar com o analfabetismo, a universalizar a escola pública, que produziu tantos artistas, filósofos e cientistas, o dilema é entender por que lá se tornou o palco da pior barbárie do século XX. O autor vai defender a tese de que isso ocorreu devido a predominância da educação técnica sobre a educação crítica. Portanto, o objetivo deste texto é analisar a relevância do conceito de educação crítica e sua relação com a democracia. A abordagem metodológica é qualitativa, com estudo bibliográfico da obra citada, especialmente dos conceitos de razão instrumental, indústria cultural e sociedade administrada. Para além da reconstrução econômica da Alemanha, o autor tematiza a tarefa de revisar criticamente a cultura, trazer às claras os elementos da barbárie subjacentes que obstruem os elementos civilizatórios, entre eles, a efetividade dos direitos humanos e da democracia. Na proposta de Adorno, o papel da educação é resistir criticamente para que Auschwitz não se repita. Para tal, argumenta pelo reconhecimento da relevância da educação crítica como antídoto ao totalitarismo e da sociedade de massas administráveis. Isso implicaria formar pessoas autônomos para o pensar e para o agir, pois a palavra democracia demanda pessoas emancipadas. Entre os resultados desta investigação, destaca-se: é possível identificar uma relação estreita entre a educação crítica, direitos humanos e democracia efetiva. Pensar uma educação democrática a partir do pensamento adorniano exigiria colocar como centro do debate a palavra “resistência crítica”. Considerando que Auschwitz foi a total negação da dignidade das minorias, colocar como meta da educação o empenho para que tal fenômeno não se repita, Adorno advoga pelo reconhecimento da relevância da educação crítica como pressuposto dos direitos humanos. E propor a “cultura do espírito em sua independência crítica”, a capacidade de “dizer não” ao padronizado pelo modelo industrial, a luta contínua de cada indivíduo contra a tendência à massificação da sociedade administrada, em poucas palavras, a luta permanente da formação para a autonomia de cada cidadão é o pressuposto básico para uma efetiva reconstrução da democracia. Neste contexto, uma educação crítica precisa antes de tudo proporcionar clareza destes determinantes sociais e se posicionar na condição de resistência de uma formação crítica, ética e política. Em outras palavras, o direito a uma formação humana abrangente, não somente técnica, mas também da apropriação conceitual e cultural é o pressuposto da garantia dos direitos humanos e da democracia em seu sentido amplo e efetivo.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Pesquisa - Campus Erechim