PREVALÊNCIA DE ADEQUAÇÃO DO PRÉ-NATAL E A RELAÇÃO COM A OCORRÊNCIA DE PARTO PREMATURO EM USUÁRIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Palavras-chave:
nascimento prematuro, cuidado pré-natal, atenção primária à saúde, saúde materno-infantilResumo
O pré-natal é um dos principais determinantes da saúde materno-infantil, sendo a adequação essencial para prevenir complicações gestacionais, sobretudo o parto prematuro, o qual representa uma das principais causas de morbimortalidade neonatal em escala global. A literatura evidencia que a baixa frequência de consultas pré-natais limita a identificação precoce de riscos obstétricos e a adoção de intervenções preventivas. O presente estudo teve como objetivo analisar a prevalência de adequação da assistência pré-natal e a relação dessa adequação com a ocorrência de parto prematuro em mulheres usuárias da atenção primária à saúde. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre dezembro/2022 e dezembro/2024, com mulheres com idade igual ou superior a 12 anos e com filhos de até 24 meses em acompanhamento de puericultura em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Passo Fundo, RS. A investigação integra a pesquisa “Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal”, aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Fronteira Sul (nº 5.761.013). A coleta de dados foi conduzida por entrevistadores treinados, por meio de entrevistas presenciais nas UBS. A exposição principal do estudo foi o número de consultas pré-natais, classificado em inadequado (<6 consultas), adequado (6–7 consultas) e excelente (≥8 consultas), conforme referências nacionais e recomendações da Organização Mundial da Saúde. O desfecho analisado foi a ocorrência de parto prematuro, auto reportado pelas participantes e categorizado em “sim” para os nascimentos ocorridos antes das 37 semanas de gestação. Os partos gemelares foram excluídos da análise. Para análise dos dados foi aplicada estatística descritiva (n; %) e o teste do qui-quadrado para verificação da distribuição das prevalências de parto prematuro segundo as classificações de adequação do pré-natal. As análises foram realizadas no software PSPP 2.0.0, com nível de significância estabelecido em p<0,05. A amostra desse recorte incluiu 366 mulheres, das quais 87,2% tinham até 35 anos, 51,3% se autodeclararam brancas e 73% possuíam cônjuge. Em termos socioeconômicos, 59,5% não possuíam ocupação ativa e 93,8% apresentavam renda familiar per capita superior a meio salário-mínimo. Quanto ao acompanhamento pré-natal, 6,8% das gestantes realizaram acompanhamento considerado inadequado, 11,5% adequado e 81,7% excelente. No grupo com pré-natal inadequado, a prevalência de parto prematuro foi de 32,0%. Entre aquelas com pré-natal adequado, a prevalência foi de 16,7%, enquanto no grupo classificado como excelente a ocorrência de prematuridade foi de 11,0% (p=0,009). Os resultados demonstram uma tendência clara de redução das prevalências de parto prematuro conforme aumenta o número de consultas de pré-natal realizadas. Ressalta-se, contudo, que a adequação do pré-natal envolve também início precoce e qualidade da assistência, aspectos que influenciam os desfechos gestacionais e devem ser contemplados em investigações futuras. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de ampliar a cobertura e qualificação da assistência, fortalecendo a integralidade do cuidado materno-infantil com especial enfoque na atenção primária à saúde.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Kelly de Almeida Schlager, Isabel Benevides Frossard, Jessica Boufleur, Shana Ginar da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Editorial do XIII SEPE e concordo que os direitos autorais, a ele referente, se torne propriedade do Anais do XIII SEPE da UFFS.

