PREVALÊNCIA DE ADEQUAÇÃO DO PRÉ-NATAL E A RELAÇÃO COM A OCORRÊNCIA DE PARTO PREMATURO EM USUÁRIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Kelly de Almeida Schlager UFFS
  • Isabel Benevides Frossard UFFS
  • Jessica Boufleur UFFS
  • Shana Ginar da Silva UFFS

Palavras-chave:

nascimento prematuro, cuidado pré-natal, atenção primária à saúde, saúde materno-infantil

Resumo

O pré-natal é um dos principais determinantes da saúde materno-infantil, sendo a adequação essencial para prevenir complicações gestacionais, sobretudo o parto prematuro, o qual representa uma das principais causas de morbimortalidade neonatal em escala global. A literatura evidencia que a baixa frequência de consultas pré-natais limita a identificação precoce de riscos obstétricos e a adoção de intervenções preventivas. O presente estudo teve como objetivo analisar a prevalência de adequação da assistência pré-natal e a relação dessa adequação com a ocorrência de parto prematuro em mulheres usuárias da atenção primária à saúde. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre dezembro/2022 e dezembro/2024, com mulheres com idade igual ou superior a 12 anos e com filhos de até 24 meses em acompanhamento de puericultura em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Passo Fundo, RS. A investigação integra a pesquisa “Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal”, aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Fronteira Sul (nº 5.761.013). A coleta de dados foi conduzida por entrevistadores treinados, por meio de entrevistas presenciais nas UBS. A exposição principal do estudo foi o número de consultas pré-natais, classificado em inadequado (<6 consultas), adequado (6–7 consultas) e excelente (≥8 consultas), conforme referências nacionais e recomendações da Organização Mundial da Saúde. O desfecho analisado foi a ocorrência de parto prematuro, auto reportado pelas participantes e categorizado em “sim” para os nascimentos ocorridos antes das 37 semanas de gestação. Os partos gemelares foram excluídos da análise. Para análise dos dados foi aplicada estatística descritiva (n; %) e o teste do qui-quadrado para verificação da distribuição das prevalências de parto prematuro segundo as classificações de adequação do pré-natal. As análises foram realizadas no software PSPP 2.0.0, com nível de significância estabelecido em p<0,05. A amostra desse recorte incluiu 366 mulheres, das quais 87,2% tinham até 35 anos, 51,3% se autodeclararam brancas e 73% possuíam cônjuge. Em termos socioeconômicos, 59,5% não possuíam ocupação ativa e 93,8% apresentavam renda familiar per capita superior a meio salário-mínimo. Quanto ao acompanhamento pré-natal, 6,8% das gestantes realizaram acompanhamento considerado inadequado, 11,5% adequado e 81,7% excelente. No grupo com pré-natal inadequado, a prevalência de parto prematuro foi de 32,0%. Entre aquelas com pré-natal adequado, a prevalência foi de 16,7%, enquanto no grupo classificado como excelente a ocorrência de prematuridade foi de 11,0% (p=0,009). Os resultados demonstram uma tendência clara de redução das prevalências de parto prematuro conforme aumenta o número de consultas de pré-natal realizadas. Ressalta-se, contudo, que a adequação do pré-natal envolve também início precoce e qualidade da assistência, aspectos que influenciam os desfechos gestacionais e devem ser contemplados em investigações futuras. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de ampliar a cobertura e qualificação da assistência, fortalecendo a integralidade do cuidado materno-infantil com especial enfoque na atenção primária à saúde.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo