NEURODIVERSIDADE EM FOCO NA UFFS - CAMPUS REALEZA, PR

Autores

  • KAUANA STADNIK TASCA Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Daiana Fernanda Motta Universidade Federal da Fronteira Sul
  • sabrina casagrande Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ediely Maytan Freire Rodrigues Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Márcia Adriana Dias kraemer Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Andréia Florêncio Eduardo de Deus Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Andréia Cristina de Souza Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

tea, tdah, neurodiversidade na universidade, evasão academica, acolhimento academico

Resumo

Dados do censo do Ensino Superior de 2022 apontam para um aumento significativo de matrículas de estudantes com necessidades educacionais especiais (Passos; Martins; Araújo, 2024). Chaves e Viana (2025) destacam obstáculos para a permanência de estudantes autistas e a necessidade do desenvolvimento de estratégias e estudos que considerem suas experiências. Embora, na UFFS, não haja, ainda, estudos sistematizados, constata-se, empiricamente, o crescimento de estudantes neurodiversos no ambiente universitário - com diagnóstico consolidado, em avaliação, ou sem laudo formal, mas com dificuldades objetivas de aprendizagem, socialização e integração ao cotidiano acadêmico. Diante desse cenário, o Colegiado do Curso de Letras da UFFS – Campus Realeza, ao lidar com frequentes relatos de dificuldades de aprendizagem e socialização, instituiu a Comissão da Neurodiversidade para acompanhar os estudantes que apresentavam algum indício de neurodivergência, com ou sem diagnóstico formal. A análise destas dificuldades, em diálogo com os estudantes, tem identificado sintomas compatíveis com transtornos do neurodesenvolvimento, como TEA e TDAH. Desde a sua criação, em agosto de 2024, a Comissão tem sido procurada por um crescente número de estudantes em busca de acolhimento, especialmente aqueles com diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e outras comorbidades associadas. Chama a atenção, no entanto, o fluxo significativo de estudantes sem diagnóstico formal, mas que, sensibilizados pela divulgação do trabalho da Comissão, passaram a procurar apoio devido a dificuldades de permanência no ambiente acadêmico. Alguns destes estudantes, após o acolhimento inicial, foram encaminhados para avaliação e tiveram o diagnóstico positivo de TEA e/ou TDAH. Outros estudantes, entretanto, permanecem sem acesso a uma avaliação formal, mas continuam recebendo acompanhamento, criando vínculos e a sensação de pertencimento, além de intermediação das especificidades junto aos docentes. As ações da Comissão buscam possibilitar condições mínimas de permanência acadêmica, reconhecendo que fatores cotidianos comprometem a estabilidade destes estudantes. Faltam, entretanto, condições de acompanhamento contínuo, o que limita a qualidade do atendimento e a resposta rápida às crises, agravando o risco de evasão e reiterando a importância de um modelo institucional mais estruturado. Casos como o de uma estudante com TEA, TDAH e Altas Habilidades/Superdotação reprovada em vários CCr por desistência, após um período sem acompanhamento, ilustram o impacto da desassistência e o potencial de evasão do estudante neurodiverso, reforçando a preocupação com o suporte efetivo. A insegurança e dificuldade no trabalho com a neurodiversidade ultrapassam os limites do Curso de Letras: estudantes, professores e coordenadores dos demais cursos do Campus relatam dificuldades pela falta de conhecimento e preparação para realizar adaptações necessárias, ampliando o risco de evasão ou instabilidade desses estudantes. Pensando nisso, construiu-se o projeto de monitoria “Neurodiversidade em foco: acolhimento, acompanhamento e apoio a estudantes neurodiversos no Campus Realeza” (ENS-2025-0071), cujo objetivo geral é promover ações e atividades de acolhimento, acompanhamento e apoio a estudantes neurodiversos no Campus Realeza, favorecendo sua permanência nos cursos de graduação, formando monitores para atuação inclusiva, incentivando a cultura institucional de respeito à diversidade e à inclusão acadêmica. 

 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Realeza