COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À OBESIDADE NO BRASIL: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES NO PERÍODO DE 2010 A 2024

Autores

  • Kelly de Almeida Schlager UFFS
  • Shana Ginar da Silva UFFS

Palavras-chave:

obesidade, hospitalização, epidemiologia

Resumo

A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, frequentemente associada a diversas comorbidades. Em casos de complicações agudas, como diabetes descompensada, hipertensão grave e insuficiência respiratória, a internação hospitalar torna-se necessária para intervenções intensivas e suporte multidisciplinar. Apesar da relevância clínica, há escassez de estudos nacionais sobre o monitoramento da notificação dos casos e a caracterização epidemiológica dos indivíduos mais acometidos por essa condição. Realizar o monitoramento temporal permite identificar padrões regionais e subsidiar a formulação de políticas públicas em saúde. O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil epidemiológico das internações hospitalares por complicações da obesidade no Brasil entre 2010 e 2024. Trata-se de um estudo ecológico de série temporal com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), extraídos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Foram incluídas todas as internações com diagnóstico principal de obesidade (CID-10: E66) registradas no período de 2010 a 2024. As variáveis analisadas foram: número absoluto de internações, regiões geográficas de ocorrência, sexo, faixa etária, raça/cor e taxa de letalidade. Os dados foram organizados em planilhas e submetidos à análise estatística descritiva (n, %), utilizando-se o software Microsoft Excel 2021. No período avaliado, ocorreram 155.932 internações por complicações da obesidade no Brasil. A maioria concentrou-se nas regiões Sul (44,1%) e Sudeste (40,9%). Do total de pacientes, 87% eram do sexo feminino. Em relação à raça/cor, predominaram indivíduos brancos (57,7%), seguidos por pardos (28,1%). A faixa etária mais acometida foi a de 35 a 39 anos (17,9%). Quanto à letalidade, destacaram-se as maiores taxas no Centro-Oeste (2,7 óbitos a cada 1000 internações) e Sudeste (2,3), enquanto o Nordeste apresentou a menor (1,5). Os resultados demonstram que, entre 2010 e 2024, as internações por complicações da obesidade no Brasil concentraram-se nas regiões Sul e Sudeste. Esse padrão pode refletir tanto a maior população residente nessas localidades, que naturalmente gera maior número absoluto de internações, quanto a elevada prevalência da condição observada nesses contextos. Além disso, não se descarta a influência de possíveis limitações nos sistemas de registro e subnotificação em regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde foram observados menores números de casos. Observou-se também predominância entre mulheres brancas de meia-idade, em consonância com achados de estudos prévios. As diferenças observadas nas taxas de letalidade sugerem desigualdades regionais no acesso e na qualidade da assistência hospitalar. Em síntese, os achados reforçam a necessidade de estratégias regionais voltadas à prevenção e manejo eficaz da obesidade. O monitoramento contínuo do perfil epidemiológico é essencial para orientar ações clínicas e de gestão em saúde, visando a redução da morbimortalidade associada à doença.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo