A FOTOGRAFIA COMO FIO CONDUTOR NA CONSTRUÇÃO DE LINHAS DO TEMPO EM PROJETOS ESCOLARES INVESTIGATIVOS

Resumo

Em projetos pedagógicos a construção da linha do tempo assume papel fundamental como recurso de documentação e de memória coletiva. Neste relato de experiência, apresenta-se o uso da fotografia como principal recurso para a elaboração da linha de tempo do projeto de pesquisa “Neurodetetives: Desvendando Emoções”, desenvolvido em uma das turmas do 3º ano de 2025, na Escola Marista Medianeira, de Erechim-RS. Diferentemente de outros projetos investigativos pautados em objetos externos, como elementos da natureza ou fenômenos sociais, este teve como objeto central o conhecimento teórico, envolvendo aspectos psicológicos e psicanalíticos. Tal especificidade exigiu repensar as formas de registro, de modo que as crianças pudessem se identificar no processo e acompanhar de forma significativa o percurso investigativo. A fotografia, nesse contexto, não foi utilizada apenas como registro ilustrativo, mas como dispositivo pedagógico e estético, capaz de marcar etapas e dar visibilidade às experiências cotidianas da turma. Todas as atividades realizadas, incluindo aquelas mais voltadas à leitura e escrita, foram fotografadas, compondo uma narrativa visual do projeto. Para além do registro, a composição fotográfica dos ambientes foi constantemente modificada a cada atividade, favorecendo a percepção das crianças quanto às diferenças entre os dias e as propostas vivenciadas. Essa intencionalidade no uso da imagem possibilitou que a linha do tempo se configurasse como uma representação dinâmica do percurso, revelando singularidades de cada momento. Outro aspecto relevante foi o protagonismo infantil no reconhecimento de si dentro do processo de pesquisa. Ao se verem expostos nas fotografias, em situações investigativas, as crianças puderam observar-se como sujeitos ativos, compreendendo-se como parte integrante da produção de conhecimento. Como resultado, observa-se que a fotografia, ao organizar a linha do tempo do projeto, potencializou o sentimento de autoria e de pertencimento das crianças, demonstrando que mesmo investigações ancoradas em suportes considerados tradicionais podem ser ressignificadas pela força estética e pedagógica da imagem.