CIDADE, INFÂNCIA E FOTOGRAFIA: UM DIÁLOGO ESTÉTICO-EDUCATIVO

Resumo

Em uma sociedade saturada de imagens, na qual o olhar infantil é constantemente atravessado por estímulos visuais prontos, filtrados e muitas vezes consumidos de maneira acelerada, este estudo propõe um retorno ao essencial: “ver com profundidade a partir do olhar da criança”. A fotografia, compreendida não apenas como registro técnico, mas como expressão artística e experiência sensível, é aqui explorada como dispositivo pedagógico capaz de estimular a autoria, a contemplação e a escuta visual na infância. Busca-se, nesse sentido, compreender como a imagem pode deixar de ser apenas objeto de consumo e se tornar ferramenta de criação, reflexão e diálogo com o mundo. A investigação, de natureza qualitativa, com caráter exploratório e descritivo, fundamenta-se em aportes teóricos de autores como Sontag (2007), Hermann (2010), Ferry (1994) e Almeida (2015), que permitem problematizar o lugar da fotografia e da educação estética das crianças frente ao universo imagético contemporâneo. Nessa perspectiva, a pesquisa procura valorizar o protagonismo infantil, entendendo a fotografia como linguagem que pode despertar olhares singulares, promover experiências de fruição e ampliar a relação das crianças com o espaço e com a memória coletiva. Como desdobramento prático, apresenta-se a criação de totens fotográficos instalados em pontos históricos da cidade de Erechim–RS. Esses totens, concebidos como suportes de experimentação e interação, propõem diálogos poéticos com o espaço urbano, convidando crianças e passantes a exercitarem o olhar, a atenção e a sensibilidade no cotidiano. Os resultados evidenciam que tais dispositivos configuram-se como mediadores entre infância, arte e memória, ampliando a compreensão de que a fotografia pode ser vivida como prática estética e pedagógica. Desse modo, o estudo aponta para a potência da imagem como experiência de autoria e como caminho para a formação de olhares mais críticos, criativos e sensíveis.