CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO MÉDIO: DEBATES E AÇÕES SOBRE TEMAS EMERGENTES

Resumo

Este estudo apresenta uma experiência pedagógica desenvolvida com turmas do Ensino Médio em um ambiente escolar de Concórdia-SC, com o objetivo de promover debates críticos sobre assuntos emergentes no cenário contemporâneo. A proposta foi fundamentada na abordagem CTS (Ciência-Tecnologia-Sociedade), que, segundo Santos e Mortimer (2002), busca integrar os conhecimentos científicos à realidade social dos estudantes, permitindo a compreensão dos impactos das inovações tecnológicas, das transformações sociais e dos desafios ambientais. A metodologia foi organizada em três etapas complementares. Na primeira, os estudantes foram desafiados a identificar e selecionar temas emergentes de relevância atual, como mudanças climáticas, inteligência artificial, propagação de fake news, saúde pública, entre outros. Em seguida, realizaram pesquisas orientadas e participaram de rodas de debate mediadas pelo professor, baseadas no diálogo problematizador de Freire (1996), que defende a construção coletiva do conhecimento a partir da reflexão crítica sobre a realidade. Por fim, cada grupo elaborou propostas de intervenção com ações concretas para enfrentar os problemas estudados, articulando conceitos científicos, reflexões éticas e práticas cidadãs. Os resultados evidenciam que os estudantes desenvolveram pensamento crítico, autonomia intelectual e protagonismo juvenil. Houve significativa ampliação da capacidade de argumentação, análise de múltiplas perspectivas e compreensão do papel social da ciência. De acordo com Auler e Delizoicov (2006), experiências pedagógicas alinhadas à perspectiva CTS favorecem a formação de sujeitos conscientes, capazes de compreender e intervir em questões complexas que envolvem ciência, tecnologia e sociedade. Assim, inserir temas emergentes no contexto escolar, sob uma abordagem interdisciplinar e crítica, contribui não apenas para a alfabetização científica, mas também para a construção de uma cidadania ativa e participativa. O estudo reforça, portanto, a necessidade de integrar ciência, educação e cidadania como pilares indissociáveis no enfrentamento das desinformações, indicando que a superação desse desafio exige tanto práticas educativas transformadoras quanto a ampliação permanente dos debates com a comunidade acadêmica.