PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS EM PACIENTES ATENDIDOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Saúde Mental, Prevalência, Ansiedade, Depressão

Resumo

Os transtornos mentais (TM) são condições de saúde que afetam o funcionamento psicológico do indivíduo, com alterações em humor, comportamento e pensamento. Essas alterações geram sofrimento relevante, prejudicam relações sociais, limitam o desempenho ocupacional e comprometem o bem-estar geral. Entre os diversos transtornos, a depressão é um dos mais prevalentes, manifestando-se por tristeza persistente, perda de interesse ou prazer em atividades, além de déficits cognitivos e somáticos que reduzem a capacidade funcional global. Outro grupo frequente corresponde aos transtornos de ansiedade, caracterizados por medo excessivo e preocupação constante, geralmente acompanhados por manifestações físicas — como palpitações, sudorese e tensão muscular — e alterações comportamentais que afetam a rotina e a qualidade de vida. Pela magnitude de seu impacto, ansiedade e depressão configuram problemas relevantes de saúde pública, sendo fundamental o rastreamento e manejo precoces, sobretudo na Atenção Primária à Saúde (APS), porta de entrada dos usuários no sistema. Este estudo transversal, aprovado por comitê de ética, objetivou estabelecer a prevalência de TM (ansiedade e/ou depressão) em pacientes atendidos na APS. Foram utilizados dados secundários de prontuários eletrônicos de indivíduos com 20 anos ou mais, atendidos em Marau, Rio Grande do Sul, em 2019. A amostra foi caracterizada por variáveis sociodemográficas — sexo, faixa etária, cor da pele, escolaridade e atividade remunerada —, clínicas — hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) — e comportamentais — tabagismo, consumo de bebida alcoólica e prática de atividade física. Para comparação entre grupos foi utilizado o teste qui-quadrado, e a prevalência do desfecho foi estimada com intervalo de confiança de 95% (IC95). A amostra (n=3.309) foi composta majoritariamente por mulheres (61,6%) e idosos (52,2% ≥60 anos). O perfil predominante incluiu indivíduos de cor branca (73,6%), escolaridade até o ensino fundamental (75,0%) e sem atividade remunerada (60,2%). Quanto a condições clínicas e hábitos, 44,2% apresentavam HAS, 16,6% DM, 9,1% eram tabagistas, 4,4% consumiam bebida alcoólica e 97,7% não praticavam atividade física regularmente. O desfecho, definido pela presença de diagnóstico de ansiedade e/ou depressão em prontuário, apresentou prevalência de 14% (IC95 13-15). A ocorrência foi maior em mulheres (17,8%; p<0,001), pessoas brancas (14,8%; p=0,032), sem atividade remunerada (16,6%; p<0,001) e com HAS (16,9%; p<0,001). Os resultados demonstram que os TM são prevalentes, afetando especialmente mulheres, idosos, pessoas brancas e aqueles em maior vulnerabilidade socioeconômica. Esses achados reforçam a necessidade de rastreamento precoce, manejo adequado e promoção da saúde mental na APS, além de políticas públicas que priorizem identificação e intervenção oportunas em nível comunitário, visando reduzir o impacto desses agravos sobre a qualidade de vida e o bem-estar populacional.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo