CORREDOR DO RIO ÍNDIO COMO ÁREA ESTRATÉGICA PARA A CONSERVAÇÃO DE FELÍDEOS NO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU
Palavras-chave:
Mata Atlântica; felídeos; corredores ecológicos; armadilhas fotográficasResumo
A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, abriga inúmeras espécies endêmicas e ameaçadas, mas atualmente resta apenas cerca de 12,4% de sua cobertura original, distribuída em fragmentos de variados tamanhos e estados de conservação. Nesse contexto, o Parque Nacional do Iguaçu se destaca como o maior remanescente contínuo no Paraná, com aproximadamente 185 mil hectares, desempenhando papel fundamental na preservação da fauna e flora locais. A manutenção da conectividade entre fragmentos florestais, por meio de corredores ecológicos, é essencial para permitir o deslocamento de organismos, a troca genética e a recolonização de habitats, fatores que sustentam a resiliência ecológica. Os felídeos silvestres, especialmente a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor), exercem função chave no equilíbrio trófico, controlando populações de presas e atuando como espécies-bandeira e guarda-chuva, cuja proteção beneficia todo o ecossistema. O Parque Nacional do Iguaçu abriga ainda outras quatro espécies de felinos de difícil registro, e o uso de armadilhas fotográficas tem se mostrado uma ferramenta eficaz para monitorar essas populações, fornecendo dados valiosos de ocorrência, comportamento e atividade. O presente estudo teve como objetivo avaliar a diversidade de felídeos e de mamíferos que constituem suas presas no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, analisando a ecologia das espécies e a conectividade proporcionada pelo corredor florestal do Rio Índio. Para isso, foram instaladas câmeras em onze pontos amostrais distribuídos ao longo de 25 km² de remanescentes, desde a nascente até a foz do rio, em São Miguel do Iguaçu, Paraná. As armadilhas permaneceram ativas por três meses, totalizando mais de 10 mil horas de amostragem, e registraram vídeos de 15 segundos sempre que havia movimento. Foram obtidos 420 eventos, correspondentes a 21 espécies de mamíferos e 12 de aves. Entre os felídeos, destacaram-se registros de onça-pintada, onça-parda, jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) e gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi). A presença de grandes predadores no corredor indica seu uso como rota de movimentação e possivelmente como área de refúgio, especialmente pela abundância de presas como catetos (Pecari tajacu), que somaram 130 registros, e cutias (Dasyprocta azarae), com 59 registros. Espécies de pequeno porte, como tatus e gambás, também foram detectadas, compondo a base alimentar de felinos menores. Além disso, a ocorrência de grandes herbívoros, como anta (Tapirus terrestris) e veado-mateiro (Mazama americana), demonstra a relevância do corredor para sustentar diferentes níveis tróficos. Os resultados evidenciam que o Corredor do Rio Índio abriga uma comunidade diversa e funcional, capaz de sustentar predadores de topo e suas presas, reduzindo riscos de isolamento genético e extinções locais. Assim, reforça-se a importância de ações integradas que garantam a conectividade entre fragmentos e a manutenção da fauna silvestre. Conclui-se que, apesar da limitação espacial, o corredor exerce papel estratégico para a conservação de felídeos e da biodiversidade da Mata Atlântica, contribuindo para a perpetuação das populações e o equilíbrio ecológico regional.
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