ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS DE LHAMAS (LAMA GLAMA) COM POLIOENCEFALOMALÁCIA

Autores

  • Andriel Gustavo Felichak Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS
  • Mel Takazono Lemes
  • Nicole Wirschke de Azevedo
  • Ana Letícia Rodrigues Marques
  • Ademar Francisco Fagundes Meznerovvicz Meznerovvicz
  • Marina Marangoni
  • Emanuel Caon
  • Paulo Henrique Braz

Palavras-chave:

Polioencefalomalácia; histopatologia; lhamas; necrose cortical

Resumo

A polioencefalomalácia (PEM) é uma enfermidade neurológica degenerativa frequentemente descrita em ruminantes domésticos, mas pouco relatada em camelídeos sul-americanos, como as lhamas (Lama glama). A doença caracteriza-se pela necrose laminar cortical, associada a sinais clínicos como ataxia, convulsões, cegueira cortical e morte súbita. Sua etiologia é multifatorial, destacando-se a deficiência de tiamina como causa principal, desencadeada por alterações bruscas na dieta que favorecem a proliferação de microrganismos produtores de tiaminases. Outros fatores incluem intoxicação por enxofre, plantas neurotóxicas, intoxicação por sal ou metais pesados, além de infecções como enterotoxemia por Clostridium perfringens tipo D. Neste estudo, registrou-se um surto de PEM em quatro lhamas criadas em sistema semi-intensivo no sudoeste do Paraná. Os animais apresentaram sinais neurológicos progressivos, incluindo rigidez cervical, ataxia, decúbito esternal e postura em opistótono, evoluindo para óbito em cinco a sete dias. Duas fêmeas estavam gestantes no momento do surto. O histórico alimentar revelou acesso acidental a silagem de grão úmido, onde foi detectada contaminação fúngica por Aspergillus flavus, considerada fator coadjuvante. A avaliação post mortem não mostrou alterações macroscópicas relevantes no encéfalo, mas a análise histopatológica evidenciou lesões clássicas de PEM, com necrose laminar segmentar do córtex cerebral. Os neurônios afetados apresentavam citoplasma retraído, intensamente eosinofílico e núcleos picnóticos ou ausentes, configurando o padrão de degeneração conhecido como “neurônios vermelhos”. Também se observaram edema perineural e perivascular acentuados, com aumento do espaço de Virchow-Robin, compatíveis com encefalopatia hipóxico-isquêmica. Alterações secundárias foram detectadas em outros órgãos. No fígado, havia tumefação celular difusa de marcada intensidade, sugerindo degeneração hepatocelular aguda. Nos pulmões, verificou-se edema alveolar difuso, caracterizado por preenchimento dos alvéolos por material amorfo levemente eosinofílico, além de congestão vascular moderada. Essas alterações corroboram o quadro de hipóxia sistêmica associado à disfunção neurológica grave. Assim, os achados histopatológicos confirmam o diagnóstico de polioencefalomalácia em lhamas, com alterações típicas de necrose laminar cortical, presença de neurônios vermelhos, edema perivascular e perineural, além de lesões secundárias hepáticas e pulmonares. Este relato contribui para a literatura nacional ao documentar, de forma inédita, as alterações microscópicas da enfermidade em camelídeos criados no Brasil, reforçando a importância do manejo nutricional adequado, da vigilância clínica precoce e da realização de necropsias completas para confirmação diagnóstica.

 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Pesquisa - Campus Realeza