ENFRENTAMENTO DA DESINFORMAÇÃO DIGITAL POR MEIO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM CIÊNCIAS DA NATUREZA NO ENSINO MÉDIO

Autores

Palavras-chave:

Ciências da Natureza;, Educação; , Pensamento Crítico; , Conhecimento Científico;

Resumo

Este trabalho emerge de uma prática pedagógica desenvolvida em uma escola estadual de Concórdia-SC, com turmas do Ensino Médio, a partir da necessidade de refletir sobre como as informações circulam na internet e qual é o papel da ciência na construção do conhecimento coletivo. Diante da enorme quantidade de dados disponíveis nas mídias digitais, muitas vezes compartilhados de forma rápida e sem critérios, surge a necessidade de aprender a avaliar a credibilidade e a relevância do que se lê e se repassa. O ponto de partida foi investigar como os estudantes entendem a diferença entre informação do dia a dia e conhecimento científico. Para isso, foi analisada uma notícia amplamente compartilhada nas redes sociais, afirmando que “vacina causa autismo”, sem apresentar fonte ou referência. Em seguida, o mesmo tema foi pesquisado pelos alunos em uma base de dados, sendo trazido à sala de aula um artigo de divulgação científica publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, classificada como A3 no Qualis/CAPES. O texto, intitulado “A sociedade de risco midiatizada, o movimento antivacinação e o risco do autismo” (Silva; Castiel; Griep, 2015), foi lido coletivamente com mediação da professora. A leitura coletiva foi o ponto de partida para um debate em que os estudantes puderam comparar os dois materiais, observando aspectos como linguagem, autoria, referências e a forma de apresentação dos dados. Esse exercício mostrou, de forma prática e acessível, como a informação cotidiana pode se distanciar do conhecimento científico quando não passa por critérios de validação e comprovação. O diálogo em sala de aula estimulou reflexões sobre a importância de verificar as fontes antes de acreditar ou compartilhar conteúdos, a discutir diferenças entre opinião, crença e ciência, ampliando sua percepção sobre a importância da integridade científica no enfrentamento da desinformação.  Essa prática pedagógica dialoga com os pressupostos de Paulo Freire, ao reforçar a necessidade da leitura crítica do mundo, entendendo o conhecimento como prática de liberdade. Também encontra respaldo em Demo (2009), que alerta para o risco da informação sem conhecimento, destacando que apenas a apropriação crítica transforma dados em saber socialmente relevante. A experiência mostrou que as mídias digitais podem ser aliadas da aprendizagem, desde que acompanhadas de uma mediação crítica. Conclui-se que práticas pedagógicas como essa fortalecem a formação cidadã dos estudantes, ao estimular a autonomia intelectual, a responsabilidade no compartilhamento de informações e a capacidade de discernir frente ao excesso de conteúdos digitais. Mais do que desenvolver habilidades de leitura e escrita em diferentes linguagens, a prática experienciada reafirmou o papel da escola como espaço essencial na democratização do conhecimento científico e no enfrentamento da desinformação.

Biografia do Autor

  • SIRLEI STALLBAUM KLEIN, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

    Doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), vinculada à Linha de Pesquisa em Processos Pedagógicos, Políticas e Gestão Educacional. Mestra em Educação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC, 2024). Atua como Supervisora ​​Escolar vinculada à Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina. Licenciada em Física pelo Instituto Federal Catarinense (IFC), com Segunda Licenciatura em Pedagogia e em Ciências Biológicas. Possui especializações em Docência no Ensino Superior; Metodologia do Ensino de Física e Química; Educação Infantil e Anos Iniciais; e Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica. É pesquisadora na área de Educação, Políticas Públicas e Cidadania (EPPC) e membro dos seguintes grupos de pesquisa: Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas de Avaliação e Accountability: um exercício de metapesquisa; GEPED Grupo de Estudo e Pesquisa Educação e Democracia (UFFS/CNPq); e GICET Grupo de Investigações em Ciência, Educação e Tecnologia (UFFS/CNPq). Tem experiência com metodologias ativas, uso de tecnologias educacionais, práticas experimentais, laboratórios de Ciências da Natureza e Coordenação Pedagógica.

  • Edina de Souza da Silva, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

    Professora e educadora ambiental. Doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul. Mestre em Educação pela Universidade Federal Fronteira Sul. Pós-graduação em Especialização em Gestão Escolar pela Universidade Federal Fronteira Sul - UFFS. Pós graduada em Ciências e Biologia pelo Portal Faculdades. Especialização em Educação Ambiental pelo Portal Faculdades. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó. Tem experiência em ensino prático de Educação Ambiental. Desenvolvimento e coordenação de projetos de Educação Ambiental. Monitoria e assessoria de projetos públicos em Educação Ambiental. Pesquisadora da temática Educação Ambiental e práticas escolares. Membro participante do Grupo de Pesquisa Educação Emocional - GRUPEE, certificado pelo CNPq em 2016. Membro do grupo de pesquisa UFFS-GEPED Desenvolve pesquisa relacionada às práticas ambientais realizadas em escolas Da Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense (AMAUC) pela Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS). Desenvolve pesquisas relacionadas com Plantas Alimentícias não convencionais - PANC. É professora municipal efetiva de ciências e coordenadora de projeto pedagógico ambiental.

  • Luciana Rita Bellincanta Salvi, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

    Doutoranda em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim. Mestre em Educação pela Universidade Federal Fronteira Sul Campus Chapecó. Graduada em Pedagogia - Habilitação em Educação Infantil e Séries Iniciais pela Universidade do Contestado - Concórdia-SC (2002), Especialista em Educação Infantil e Séries Iniciais pelo Instituto Brasileiro de Pós - Graduação e Extensão - Curitiba-Pr (2003), Especialista em Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis-SC (2014), Especialista em Gestão Escolar: Coordenação, Direção e Supervisão Escolar pela Universidade Federal da Fronteira Sul - Erechim - RS (2021), Mestra em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) - Chapecó-SC, Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa Educação e Democracia (GEPED) pela Universidade Federal da Fronteira Sul (a partir de 2021).
    Atualmente trabalha como Orientadora Educacional (Coordenadora Pedagógica), na Escola Básica Municipal Santa Cruz como Formadora de Professores. Atuo com: Educação Freiriana, Gestão Democrática, Coordenação Pedagógica; Ensino e Aprendizagem e Educação Infantil; Em uma relação dialógica inicial com a temática do Protagonismo/Liderança Estudantil.

  • Drª SINARA MÜNCHEN, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

    Professora adjunta da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências (PPGEC) Campus Cerro Largo/RS e do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação (PPGPE) Campus Erechim/RS. Doutora e Mestre em Educação em Ciências pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Licenciada em Química pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Desenvolveu estágio de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências (PPgECi) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os interesses de estudo e pesquisa se concentram no Ensino de Ciências e Química com ênfase nos seguintes temas: Educação Ciência-Tecnologia-Sociedade; Formação de Professores; Mulheres na Ciência; Educação do Campo.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Erechim