MULHERES RURAIS: A VALORIZAÇÃO DA MULHER NO CAMPO

Autores

  • Daniele Camila Hiert UFFS
  • Gabriela Gonçalves Fagundes Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Leticia de Azevedo Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Isabeli Pastore Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Maria Eduarda Pogorzelski Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Kacielly Gomes Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Camila Katherine Gorzelanski Trenkel Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Adalgiza Pinto Neto Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Valorização; Trabalho invisível; Agricultura familiar.

Resumo

As mulheres no campo ocupam um espaço essencial na cadeia produtiva especialmente na agricultura familiar, envolvidas no cultivo de plantas e criação de animais, além das rotineiras tarefas domésticas. A presença feminina na agricultura é marcada pelo trabalho, que em sua grande maioria, não é reconhecido, apesar de indispensável para a produção e o consequente sustento da família. Assim, as mulheres não são vistas como participantes ativas dentro da renda familiar, mesmo com a dupla jornada de trabalho. Segundo dados da Agência Governo Brasil, em 2023, cerca de 1,7 milhão de propriedades rurais no país são dirigidas por mulheres, e apesar da participação expressiva, as mulheres no campo ainda enfrentam a invisibilidade social, uma vez que, historicamente foram relegadas a um papel secundário e pouco valorizado. A ação da mulher como produtora, ou técnica, ainda é visto com depreciação, além de gerar desconfiança sobre a qualidade do trabalho, o que exige um esforço ainda maior para provar seu conhecimento e valor dentro das atividades do campo, construindo um cenário de luta diária, numa busca incessante em provar que a atividade agropecuária também é refletida pelo esforço feminino. O livro “Mulheres na Pecuária” publicado pela Embrapa (2023), como parte da “Coleção Mulheres Rurais no Brasil”, aborda o papel da mulher na domesticação e cuidado com os animais, na agregação de valor dos produtos pecuários, na continuidade na gestão da propriedade, e mesmo com tantas atividades têm suas vozes censuradas sobre as propostas de ampliação e fortificação das produções. Ainda, muitas vezes são reféns da discriminação de gênero, onde não possuem acesso igualitário a terra, aos créditos rurais e até mesmo o acesso à formação técnica. Exclusões essas, que limitam suas possibilidades de crescimento e reconhecimento, onde a sua desvalorização é recorrente por ser um campo predominantemente masculino. Um exemplo da resistência das mulheres no meio rural se dá pela capacitação e inserção das mulheres do Grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar dos 15 participantes, 11 são mulheres, em sua maioria oriundas de famílias rurais. Em atividades de campo desenvolvidas pelo grupo,  a figura feminina ainda enfrenta preconceitos de gênero, principalmente em assistência técnica às propriedades rurais, onde a realidade ainda descreve o homem como chefe da casa e gestor das finanças, fazendo com que o trabalho da mulher permaneça em segundo plano, ficando restrito às atividades como ordenha, limpeza de estábulos e cuidados com os animais.  No entanto, ao se compreender o papel das mulheres no campo, há de se reconhecer sua contribuição múltipla que é fundamental para a comunidade e essencial na produção rural. Não apenas no papel enquanto geradoras de renda, como também no cuidado, na preservação da cultura e tradições que fortalecem a sustentabilidade ambiental. Valorizar o trabalho das mulheres do campo, em toda a sua extensão, é necessário para alcançar uma sociedade mais justa e equitativa, onde se possa ver o campo como um espaço de desenvolvimento humano, econômico e cultural para todos.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Extensão & Cultura - Campus Realeza