MULHERES RURAIS: A VALORIZAÇÃO DA MULHER NO CAMPO
Palavras-chave:
Valorização; Trabalho invisível; Agricultura familiar.Resumo
As mulheres no campo ocupam um espaço essencial na cadeia produtiva especialmente na agricultura familiar, envolvidas no cultivo de plantas e criação de animais, além das rotineiras tarefas domésticas. A presença feminina na agricultura é marcada pelo trabalho, que em sua grande maioria, não é reconhecido, apesar de indispensável para a produção e o consequente sustento da família. Assim, as mulheres não são vistas como participantes ativas dentro da renda familiar, mesmo com a dupla jornada de trabalho. Segundo dados da Agência Governo Brasil, em 2023, cerca de 1,7 milhão de propriedades rurais no país são dirigidas por mulheres, e apesar da participação expressiva, as mulheres no campo ainda enfrentam a invisibilidade social, uma vez que, historicamente foram relegadas a um papel secundário e pouco valorizado. A ação da mulher como produtora, ou técnica, ainda é visto com depreciação, além de gerar desconfiança sobre a qualidade do trabalho, o que exige um esforço ainda maior para provar seu conhecimento e valor dentro das atividades do campo, construindo um cenário de luta diária, numa busca incessante em provar que a atividade agropecuária também é refletida pelo esforço feminino. O livro “Mulheres na Pecuária” publicado pela Embrapa (2023), como parte da “Coleção Mulheres Rurais no Brasil”, aborda o papel da mulher na domesticação e cuidado com os animais, na agregação de valor dos produtos pecuários, na continuidade na gestão da propriedade, e mesmo com tantas atividades têm suas vozes censuradas sobre as propostas de ampliação e fortificação das produções. Ainda, muitas vezes são reféns da discriminação de gênero, onde não possuem acesso igualitário a terra, aos créditos rurais e até mesmo o acesso à formação técnica. Exclusões essas, que limitam suas possibilidades de crescimento e reconhecimento, onde a sua desvalorização é recorrente por ser um campo predominantemente masculino. Um exemplo da resistência das mulheres no meio rural se dá pela capacitação e inserção das mulheres do Grupo PET Medicina Veterinária/Agricultura Familiar dos 15 participantes, 11 são mulheres, em sua maioria oriundas de famílias rurais. Em atividades de campo desenvolvidas pelo grupo, a figura feminina ainda enfrenta preconceitos de gênero, principalmente em assistência técnica às propriedades rurais, onde a realidade ainda descreve o homem como chefe da casa e gestor das finanças, fazendo com que o trabalho da mulher permaneça em segundo plano, ficando restrito às atividades como ordenha, limpeza de estábulos e cuidados com os animais. No entanto, ao se compreender o papel das mulheres no campo, há de se reconhecer sua contribuição múltipla que é fundamental para a comunidade e essencial na produção rural. Não apenas no papel enquanto geradoras de renda, como também no cuidado, na preservação da cultura e tradições que fortalecem a sustentabilidade ambiental. Valorizar o trabalho das mulheres do campo, em toda a sua extensão, é necessário para alcançar uma sociedade mais justa e equitativa, onde se possa ver o campo como um espaço de desenvolvimento humano, econômico e cultural para todos.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Daniele Camila Hiert, Gabriela Gonçalves Fagundes, Leticia de Azevedo, Isabeli Pastore, Maria Eduarda Pogorzelski, Kacielly Gomes, Camila Katherine Gorzelanski Trenkel, Adalgiza Pinto Neto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

