VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA NA ESTRATIFICAÇÃO PROGNÓSTICA DE CÃO COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA POR DOENÇA VALVAR DEGENERATIVA

Autores

  • Amália Vitória Zimpel Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ketlin Eduarda Gazzola
  • João Vinicio Neukamp
  • Gabrielle Gomes Galdino
  • Tatiana Champion
  • Prof. Drª. Dalila Moter Benvegnú
  • Pamela Regina Pimenta Busato
  • Matheus Felipe Souza Franco

Palavras-chave:

balanço simpato-vagal , dinfunção autonômica , eletrocardiografia

Resumo

A doença mixomatosa da valva mitral (DMVM), também denominada degeneração mixomatosa da valva mitral, é a principal causa de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) em cães de pequeno porte, especialmente idosos. Caracteriza-se por degeneração progressiva dos folhetos e cordas tendíneas da valva mitral, levando à regurgitação valvar, remodelamento cardíaco e sinais clínicos variados, incluindo tosse, dispnéia, intolerância ao exercício e síncopes. O estadiamento clínico da DMVM, proposto pelo Colégio Americano de Medicina Veterinária Interna (ACVIM), classifica a doença em quatro estágios, de A a D, conforme presença de alterações estruturais, sinais clínicos e refratariedade ao tratamento. Este trabalho relata o acompanhamento de um cão Maltês, macho, 8 anos, diagnosticado com DMVM e ICC progressiva, monitorado por meio de ecocardiografia, eletrocardiografia e análise de variabilidade da frequência cardíaca (VFC). Em 2023, na consulta inicial, o paciente apresentava sopro sistólico grau IV, histórico de síncopes e edema pulmonar. O ecocardiograma foi compatível com ICC estágio C. O ECG mostrou ritmo sinusal, frequência cardíaca média de 163 bpm (mínima 127 bpm; máxima 215 bpm) e onda P aumentada para 44 ms, indicando sobrecarga atrial esquerda. Após instituída terapia com pimobendan, enalapril, furosemida, espironolactona e dieta com restrição de sódio, o paciente permaneceu acompanhado por 22 meses. Em março de 2025, o paciente manteve o diagnóstico de ICC estágio C e sopro sistólico aumentou de IV para V. O ECG evidenciou arritmia sinusal associada a episódios de taquicardia sinusal, sugerindo instabilidade autonômica, mas ainda com preservação parcial da modulação vagal. Por sua vez, em agosto de 2025, houve piora clínica significativa, com progressão para ICC estágio D, mantendo o sopro sistólico grau V. O ECG revelou ritmo sinusal, taquicardia sinusal paroxística (FC máxima 236 bpm, mínima 71 bpm, média ≈ 146 bpm), presença de quatro extrassístoles ventriculares monomórficas isoladas e onda P aumentada para 50 ms, confirmando agravamento da sobrecarga atrial esquerda e/ou distúrbio de condução interatrial. A análise da VFC realizada em 2025 demonstrou redução global da variabilidade autonômica: SDNN = 39,3 ms (baixa variabilidade global), RMSSD ≈ 34 ms (supressão parcial do tônus vagal), CSI = 2,07 (aumento discreto da atividade simpática) e CVI = 3,08 (redução significativa da modulação vagal). Apesar disso, os índices não lineares ApEn = 1,24, α1 = 0,92 e α2 = 1,09 indicaram preservação parcial da complexidade autonômica. A integração entre ecocardiograma, ECG seriado e VFC permitiu caracterizar desbalanço autonômico progressivo e potencial aumento do risco arrítmico em um cão com DVDC avançada. A VFC se mostrou útil para estratificação prognóstica, mas sua interpretação deve considerar padronização metodológica e, idealmente, ser complementada por Holter 24h para maior acurácia clínica.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Pesquisa - Campus Realeza