A EDUCAÇÃO EMANCIPADORA E DEMOCRÁTICA: DESAFIOS DO PENSAMENTO CRÍTICO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Autores

  • Laercio Francisco Sponchiado Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Antonio Ivan da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gilson Luís Voloski Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

educação emancipadora; democracia; pensamento crítico; humanidades.

Resumo

O presente texto resultou dos estudos do Grupo de Pesquisa Educação e Democracia (GEPED), UFFS Campus Erechim, desenvolvidos em 2024, que teve como tema a relação entre os conceitos educação crítica, emancipação e democracia. Investigação de abordagem qualitativa, de natureza bibliográfica, concentrou a análise nas obras Educação e emancipação, de Theodor Adorno, e Sem fins lucrativos: por que a democracia precisa das humanidades, de Martha Nussbaum. Objetivou compreender os conceitos de educação emancipadora em Adorno e educação democrática em Nussbaum, visando suas contribuições para se pensar a problemática da educação brasileira no tempo presente. Considerando a função social hegemônica da educação, da tendência de as reformas educacionais supervalorizar a formação técnica da força de trabalho e de baixo custo para o mercado, ambos autores endossam a importância da insubordinação crítica, da relevância da consciência política e do combate a toda forma de secundarização da área das humanidades na formação dos cidadãos, pois é condição imprescindível para uma sociedade democrática. Ambos defendem uma formação que promova a autonomia, a reflexão e a participação cidadã. Adorno defende a educação crítica como resistência à barbárie, simbolizada pela experiência de Auschwitz, apresentando a educação como caminho possível para evitar a repetição de atrocidades, mediante a formação de uma consciência crítica capaz de questionar as estruturas sociais opressivas e a instrumentalização da razão. Nussbaum defende uma educação democrática por meio das humanidades, tendo em vista a formação para o pensamento crítico, favorecendo a compreensão das diversas experiências humanas e o esclarecimento da complexidade do mundo em que vivemos. No âmbito do pensamento crítico sobre a centralidade da educação na sociedade vigente, é fundamental enfrentar os ditames do neoliberalismo e o servilismo ao poder hegemônico. Atualmente, cada vez mais colocados à educação estão os empecilhos do ímpeto mercantil com seus mecanismos operantes, com “pacotes modernizantes” e tecnológicos, a serviço do desenvolvimento de habilidades e competências técnicas exigidas pelo mercado de trabalho. Insurgir contra as imposições antidemocráticas e os retrocessos das políticas educacionais exige fortalecer os espaços públicos de estudos e da apropriação das ferramentas conceituais que possibilitem resistências críticas. Neste momento histórico de aprofundamento do ideário neoliberal na sociedade brasileira, entre outros, de reforma no ensino médio por decreto, da influência dos algoritmos nas redes sociais, da predominância da formação docente na modalidade EAD, também transcursam movimento de massas como ameaça às instituições públicas e as conquistas democráticas. Parte dos trabalhadores da educação, por vários motivos, se encontram no estado de inércia, cansados das jornadas extensas de trabalhos, da desvalorização da profissão pelos governantes, descrentes da função social da escola. Por fim, mesmo perante tantos desafios socioculturais, sublinha-se a importância do grupo de estudos para animar o debate à educação aliada com o compromisso ético, social e político de formação de cidadãos autônomos, crítico-reflexivos e engajados na construção de uma sociedade democrática e emancipada.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Pesquisa - Campus Erechim