Manejo Clínico e Estratégias Terapêuticas na Adenite Recorrente de Sacos Anais em Cão

Autores

  • Stéfani Melo Baraldi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Luiza Vanzella Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Marina Marangoni Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Pauline Silva dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Tatiana Champion Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Gentil Ferreira Gonçalves Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Emanuel Caon Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza

Palavras-chave:

Adenite, Sacos Anais, Saculectomia

Resumo

Os sacos anais são estruturas pares resultantes de invaginações localizadas na região cutânea interna, entre os músculos esfíncter anal interno e externo. Nos cães, os ductos desses sacos se abrem na margem lateral do ânus, próximo à junção anocutânea, tais estruturas são reservatórios de secreções produzidas por glândulas sebáceas e sudoríparas. A adenite de sacos anais ocorre quando suas aberturas se obstruem, levando há inflamações cujos sinais clínicos incluem dermatite, disquesia, constipação, odor desagradável, secreção purulenta com sangue, edema e eritema perianal, pirexia e dor. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos associados ao exame físico, sendo realizado principalmente por palpação digital e compressão dos sacos anais, possibilitando avaliar a secreção expelida, que geralmente apresenta aspecto espesso, pastoso e coloração acastanhada quando há inflamação. O presente trabalho tem como objetivo relatar e discutir o tratamento clínico de uma cadela Poodle, com 14 anos de idade, diagnosticada com adenite recidivante de sacos anais. O animal foi atendido na SUHVU da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Realeza, apresentando prurido intenso na região perianal e secreção fétida havia cinco dias. Na anamnese, não havia histórico de dermatopatias ou alterações na consistência ou frequência das fezes, sendo este o primeiro episódio clínico. Ao exame físico, observaram-se apenas secreção fétida, dor, prurido e eritema perianal, sem alterações sistêmicas. O tratamento inicial consistiu em Enrofloxacina (5 mg/Kg, BID, por 14 dias), Prednisolona (2 mg/Kg, BID, por 14 dias) e aplicação transretal de pomada à base de Acetonil Triancinolona, Nistatina, Tiostreptona e Sulfato de Neomicina. Embora houvesse melhora durante o uso, ocorreu recidiva após o término da terapia. Diante da cronicidade do quadro, optou-se pela lavagem dos sacos anais sob anestesia geral com Propofol (4 mg/Kg, IV). O procedimento incluiu compressão, seguida de canulação dos sacos com cateter 24G e infusão de 10 mL de solução salina 0,9% contendo antibiótico e corticosteroide, a mesma pomada previamente utilizada. O manejo permitiu adequada drenagem do conteúdo e, após sete dias, o animal retornou sem sinais clínicos. Embora o tratamento sistêmico ainda seja amplamente utilizado nos casos de adenite, estudos apontam que a simples lavagem dos sacos anais pode oferecer bons resultados, favorecendo um manejo clínico mais conservador e menos invasivo. Essa abordagem também contribui para reduzir complicações a longo prazo associadas à intervenção cirúrgica, como contaminação transoperatória, incontinência fecal, formação de fístulas crônicas e estenose anal decorrentes da saculectomia.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Ensino - Campus Realeza