UMA PROPOSTA PARA TRABALHAR A CONCORDÂNCIA VERBAL VARIÁVEL NA ESCOLA
Palavras-chave:
ensino de língua portuguesa, variação linguística, concordância verbalResumo
Qualquer metodologia de ensino da qual se parta, em sala de aula, conforme aponta Geraldi (2006), está articulada à opção política, ou seja, vincula-se a uma concepção teórica da linguagem, seja ela concebida como simples expressão do pensamento, como instrumento de comunicação ou como uma forma de interação. Na realidade brasileira, a concepção de linguagem presente nos documentos oficiais nem sempre é a empregada pelos materiais didáticos e pelos professores em sala de aula, principalmente quando se aborda o eixo da análise linguística/semiótica que, de acordo com a BNCC (Brasil, 2017), é um dos eixos do ensino de língua portuguesa. O objetivo do presente trabalho é apresentar uma proposta de ensino que promova uma reflexão sobre o uso da linguagem em diferentes situações comunicativas, focando específicamente na música “Inútil”, da banda Ultraje a Rigor, com ênfase na compreensão dos efeitos de sentido gerados pelo uso da concordância nominal e verbal presentes na canção. Ao escolher a música como texto-enunciado de partida da construção da proposta entendemos que “estamos, antes de tudo, olhando para sujeito(s) que, em determinado momento sócio-histórico e ideológico, ancora(m) sua intenção enunciativa, validando, assim, o projeto de dizer.” (Costa-Hübes, 2017, pág. 553). No nosso caso, a discussão sobre as dimensões textuais gerou uma série de perguntas que mediarão a apropriação dos conhecimentos durante a atividade e terão como objetivo ensinar aos alunos que a concordância verbal é um fenômeno gramatical variável no português brasileiro. Segundo Gorski e Coelho (2009) embora “[...] a escola tem o dever de ensinar o dialeto padrão/norma culta ao aluno, [...]”, ela também deve abordar as variedades linguísticas, pois elas representam a riqueza da língua e a cultura do povo que a utiliza. Sendo a concordância verbal um dos aspectos nos quais se manifestam as variações, é importante conhecer como se dá esse fenômeno na língua. Para isso estudamos as discussões de Vieira (2013), que, na mesma linha de pensamento, defende que o ensino da concordância seja “para (a) desenvolver o raciocínio lógico-científico sobre a linguagem na esfera dessa estrutura morfossintática específica; e (b) promover o domínio do maior número possível de variantes linguísticas, de forma a tornar o aluno capaz de reconhecê-las e/ou produzi-las, caso deseje.” (Vieira, 2013). A pesquisa é qualitativa, o plano de geração de dados é bibliográfico e constitui-se como uma pesquisa-ação, pois identificou uma lacuna relacionada ao ensino de língua portuguesa. A atividade organiza-se em uma apresentação de slides multimodal, composta por imagens, som e texto, que contextualiza a música na época de seu lançamento e mostra o panorama político-social do Brasil na década de 80, ao tempo que faz perguntas para os alunos sobre as dimensões do texto-enunciado, isto é, a música, e medeia, de maneira crítica, a construção de sentidos provocada pelos autores.
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