DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA SAÚDE INDÍGENA NO BRASIL: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA INTERCULTURAL

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Palavras-chave:

saúde indígena, Diversidade Cultural, Diálogo Intercultural, Equidade em Saúde, Formação em Enfermagem

Resumo

A saúde indígena no Brasil constitui um campo específico dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), marcado pelas singularidades culturais, sociais e territoriais dos povos originários. Nessas comunidades, a saúde é compreendida de forma ampliada, integrando dimensões físicas, espirituais, ambientais e coletivas. Nesse contexto, políticas públicas como a criação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS) têm buscado garantir não apenas o acesso à atenção básica, mas também o respeito às práticas tradicionais de cuidado e aos saberes ancestrais. A temática assume relevância social e acadêmica ao evidenciar a necessidade de promover equidade e valorização da diversidade cultural no campo da saúde coletiva. Refletir sobre os principais desafios e perspectivas da saúde indígena no Brasil, enfatizando sua relevância para o fortalecimento da equidade e a promoção do respeito à diversidade cultural. Relato de experiência realizado no formato de oficina durante a Semana de Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em maio de 2025. Participaram da atividade dois estudantes indígenas, que compartilharam vivências e relataram desafios enfrentados no acesso aos serviços de saúde. A oficina contou com aproximadamente 25 participantes e fundamentou-se na escuta sensível e no diálogo intercultural. A roda de conversa foi utilizada como estratégia metodológica, favorecendo a circulação da palavra, a horizontalidade das trocas e a valorização dos saberes indígenas. Essa abordagem possibilitou a construção coletiva do conhecimento, reconhecendo as experiências dos estudantes como eixo central da reflexão. A oficina evidenciou que a discriminação étnica persiste como um dos principais entraves ao acesso e à qualidade da assistência prestada aos povos indígenas. Também foi constatada a insuficiência da formação profissional em saúde no que se refere às especificidades culturais, resultando em práticas pouco sensíveis e, por vezes, excludentes. O espaço de diálogo mostrou-se potente para a valorização das narrativas indígenas, promovendo sensibilização da comunidade acadêmica e ampliando a compreensão sobre os desafios estruturais que perpassam o cuidado. Esses achados reforçam a necessidade de incluir, de forma sistemática, conteúdos sobre saúde indígena nos currículos de formação em saúde, de modo a preparar profissionais para atuar de forma culturalmente competente. Além disso, apontam para a importância da implementação de políticas públicas que não apenas assegurem o acesso, mas que também incorporem o protagonismo indígena na gestão e no planejamento em saúde. O fortalecimento do SASI-SUS, aliado ao reconhecimento dos saberes tradicionais, pode representar um caminho para a efetivação da equidade, reduzindo desigualdades históricas e promovendo justiça social. A experiência revelou que iniciativas baseadas no diálogo intercultural são essenciais para sensibilizar futuros profissionais e ampliar o debate sobre equidade em saúde. Ao reconhecer os povos indígenas como sujeitos de direito e de saber, a universidade cumpre papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa e plural, reafirmando o compromisso ético-político da enfermagem e da saúde coletiva com a diversidade cultural.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Extensão & Cultura - Campus Chapecó