O CARCINOMA RENAL EM CÃO DA RAÇA DÁLMATA: RELATO DE CASO

Autores

  • Luiza Vanzella Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Pauline Silva dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Marina Marangoni Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Stéfani Melo Baraldi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Raissa Dantas Correa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gentil Ferreira Gonçalves Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fabíola Dalmolin Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fabiana Elias Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

neoplasia, nefroureterectomia, histopatológico, carcinoma renal

Resumo

Os avanços significativos da Medicina Veterinária ao longo do tempo proporcionaram melhores condições de sobrevivência aos animais de companhia, contribuindo para o aumento da expectativa de vida.  Neste sentido, com o envelhecimento dos pacientes, maior a probabilidade do surgimento de neoplasias, dentre elas as renais.  O carcinoma é considerado o principal neoplasma renal, sendo o tumor maligno mais diagnosticado na rotina clínica, afetando principalmente cães, machos, e de meia idade. Esse trabalho tem por objetivo relatar o caso de um cão da raça dálmata, fêmea, de 13 anos, atendido na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU) do Campus Realeza, com histórico prévio de carcinoma mamário há 3 anos. Ao exame físico constatou-se taquipneia, abdômen distendido e intensa dor à palpação abdominal. A paciente foi então encaminhada para exame ultrassonográfico abdominal, que revelou esplenomegalia, presença de estrutura heterogênea caracterizada por múltiplas cavitações, medindo aproximadamente 10,36 cm de comprimento por 7,33 cm de largura, localizada em topografia renal esquerda, e as alterações sonográficas de rim direito sugeriram doença renal crônica. Demais órgãos estavam dentro da normalidade ultrassonográfica e, ao exame radiográfico de tórax, descartou-se a suspeita de metástase pulmonar. Exames hematológicos e bioquímica sérica apresentaram aumento de fosfatase alcalina (388 U/L), aumento discreto em creatinina (1,51 mg/dL) e leve leucocitose (18.420/µL) por neutrofilia (15.420/µL). A paciente seguiu para celiotomia exploratória, onde observou-se rim esquerdo medindo aproximadamente 12 cm, e optou-se pela nefroureterectomia esquerda com então envio da amostra para exame histopatológico. Durante a avaliação macroscópica renal visibilizou-se córtex atrofiado, neoformação brancacenta ocupando toda medular e parte de córtex, associado a áreas focais de material gelatinoso características de necrose. Já na microscopia descreveu-se como uma neoformação pouco delimitada, não encapsulada, com presença de células arranjadas em pacotes sólidos, redondas a ovaladas, com citoplasma pouco delimitado e escasso. A associação das alterações histológicas e os dados clínicos, portanto, favoreceram o diagnóstico de carcinoma renal sólido, no entanto, para diferenciação de carcinoma metastático, a realização de uma avaliação imuno-histoquímica seria necessária. Após 8 dias da nefrectomia, o paciente retornou apresentando apatia e anorexia, repetiu-se os exames hematológicos e bioquímicos e foi observado importante aumento dos valores de creatinina (2,36 mg/dL), ureia (96 mg/dL) e relação proteína/creatinina urinária (0,59), evoluindo ao óbito em 2 dias. Apesar dos esforços, considerando a idade avançada do paciente, as enfermidades diagnosticadas previamente à cirurgia, incluindo função renal residual limitada, e o diagnóstico tardio da neoformação, a sobrevida pós-cirúrgica do paciente foi curta. O processo fisiológico de redução progressiva das funções biológicas que ocorre em cães idosos aliado a redução da função renal observada aumentam os riscos de complicações pós-operatórias e, dessa maneira, evidencia-se que a detecção tardia das neoplasias em estágios já avançados compromete o prognóstico do caso, considerado de reservado a ruim. Reitera-se, portanto, a importância de um acompanhamento veterinário frequente, principalmente dos pacientes idosos com histórico de neoplasias malignas anteriores, já que uma detecção precoce das enfermidades contribui para uma melhor sobrevida dos pacientes.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Ensino - Campus Realeza