ACESSO AO TRATAMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA DO MUNICÍPIO DE REALEZA-PR
Palavras-chave:
Transtorno do Espectro Autista, Serviços de Saúde, Acesso aos Cuidados de Saúde, Seletividade AlimentarResumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades na comunicação, interação social e presença de comportamentos repetitivos. O diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos multidisciplinares é essencial para o desenvolvimento e a qualidade de vida de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No entanto, muitas famílias enfrentam dificuldades para obter a cobertura desses serviços. O objetivo deste estudo é identificar a proporção de acesso às terapias prescritas no laudo médico, bem como identificar a ocorrência de seletividade alimentar nas crianças e o encaminhamento para acompanhamento nutricional. Trata-se de um estudo transversal descritivo, com amostragem não probabilística de conveniência. No período de novembro de 2023 a maio de 2024, foi realizada a coleta de dados por meio do aplicativo de comunicação Whatsapp, com a explicação sobre o projeto e o convite para participar da pesquisa, explicando os objetivos. O contato foi realizado a partir de uma lista de cadastro fornecido pela secretaria municipal de saúde e de educação de Realeza-PR, bem como pela lista de cadastro das Associações APAAR (Associação de Pais e Amigos dos Autistas e Neurodivergentes de Realeza) e APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Aqueles que aceitaram participar, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e preencheram um formulário online, contendo informações socioeconômicas e demográficas, terapias descritas no laudo e aquelas que estão sendo realizadas, rede de acesso e presença ou ausência de seletividade alimentar. Obteve-se um total de 72 participantes, familiares de crianças e adolescentes com TEA residentes no município de Realeza - PR. A amostra foi predominantemente composta por crianças entre 2 e 10 anos (69,5%, n=54) e por meninos (70,83%, n=51). O número médio de terapias indicadas no laudo foi de 4. Quanto ao acesso às terapias, cerca de 59,72% (n=43) das crianças e adolescentes têm acesso a mais de 50% das necessidades laudadas pelo médico, e 40,27% têm acesso a menos de 50% das terapias. A maioria, 44,22% (n=34) depende de realizar totalmente ou a maior parte das terapias pelo SUS e 40,27% (n=29) por rede particular. Identificou-se também que 65,27% (n=47) da amostra possui seletividade alimentar, entretanto, em somente 13,88% (n=10) dos laudos houve indicação de acompanhamento nutricional. Os resultados evidenciam que, embora a maioria das crianças e adolescentes com TEA tenha acesso a parte das terapias prescritas em laudo médico, ainda existem lacunas importantes na cobertura integral dessas intervenções, especialmente no que se refere à rede pública de saúde. Além disso, observou-se uma alta prevalência de seletividade alimentar, mas com baixa indicação de acompanhamento nutricional. Assim, destaca-se a importância da ampliação do acesso a terapias multidisciplinares por meio de políticas públicas voltadas ao cuidado integral de pessoas com autismo, bem como a inclusão e valorização do profissional nutricionista na composição da equipe multidisciplinar, visando promover qualidade de vida e autonomia para estes indivíduos.
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