ENLACES ENTRE TEORIA FREIRIANA E PSICANÁLISE: FACETAS DO CONCEITO DE LAÇO SOCIAL NA DEMOCRACIA BRASILEIRA

Resumo

Na contemporaneidade, em um contexto capitalista globalizado, novas formas de sociabilidade foram sendo configuradas e estabelecidas. Esse contexto, propiciou o advento da subjetividade individualizada e singularizada do homem moderno marcada pela precariedade dos vínculos interpessoais e pela ausência de compromisso entre elas. Na literatura, contatou-se que interfaces dessa problemática foram objeto de estudo dos psicanalistas Sigmund Freud e Jacques Lacan, ao abordarem o tema da fragilização do laço social. De igual maneira, ao rememorar o pensamento de Paulo Freire sobre as consequências da desumanização da Educação em contextos geopolíticos como do Brasil, por exemplo, é possível constatar a perpetuação de um certo mal-estar em relações ancestrais de dependência e opressão. Importa dizer que a produção de sentido acerca da vida em sociedade nas democracias contemporâneas possui rupturas, fazendo com que os cenários de crise se tornem cada vez mais evidentes, através de limitações das políticas de Estado, despertando inquietações acerca do tema. Considerando isso, o estudo tem como objetivo identificar como as teorias Freiriana e Psicanalítica explicam a fragmentação do laço social, considerando o papel da democracia no cenário brasileiro contemporâneo. Com vistas de cumprir tal objetivo, se fez opção por uma pesquisa com aportes interdisciplinares, qualitativa, do tipo descritiva, tendo como técnica de coleta de dados o bibliográfico e documental. As bibliografias utilizadas levaram em conta os marcos teóricos psicanalíticos e freirianos. Os dados advindos, foram analisados relacionando as interfaces que engendram o aporte conceitual de informações provindas da literatura especializada com a dimensão social que se atravessa as realidades existentes no país. À guisa de conclusão, a articulação interdisciplinar entre a psicanálise e a teoria freiriana, tendo o conceito de laço social como eixo central para analisar a democracia brasileira permitiu determinar como os desafios contemporâneos das relações sociais, encontram suas raízes em estruturas históricas de opressão e em dinâmicas do capitalismo tardio. Além disso, demonstrou que a crise democrática brasileira está relacionada com as fragilidades históricas das instituições brasileiras e no contexto do avanço do discurso neoliberal, o qual incentiva as desigualdades e individualismos. Esse modelo, atrelado ao discurso do capitalista, exacerbou o mal-estar coletivo e favoreceu o desgaste do laço social, ao reduzir a interação política ao consumo e à competição, desconectando os sujeitos da efetiva prática da cidadania. Sugere-se que a superação dessa crise possa se efetivar a partir do resgate dos princípios democráticos baseados na isegoria, isonomia e isocracia, usando-se como ferramentas o diálogo e a promoção de laços sociais inclusivos, para que seja possível concretizar a participação cidadã, o resgate da confiança nas instituições e a criação de novos arranjos políticos, capazes de priorizar o interesse público acima das dinâmicas de mercado e de poder.