A INTERAÇÃO ENTRE OS EIXOS HIPOTÁLAMO-PITUITÁRIA-ADRENAL EINTESTINO-CÉREBRO NA FISIOPATOLOGIA DA DEPRESSÃO
Palavras-chave:
Eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal, Eixo Intestino-Cérebro, Microbiota Intestinal, Depressão, Resposta ao EstresseResumo
INTRODUÇÃO: O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma condição psiquiátrica complexa cuja compreensão transcende a tradicional hipótese de desequilíbrios de neurotransmissores. A visão moderna integra a análise de sistemas biológicos interconectados, com destaque para o eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA), regulador da resposta ao estresse, e o eixo intestino-cérebro (GBA), uma rede de comunicação bidirecional entre a microbiota intestinal e o sistema nervoso central (SNC). OBJETIVO: O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre a interação entre os eixos HPA e GBA, e como a desregulação dessa comunicação contribui para a fisiopatologia do TDM. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura que sintetiza evidências de estudos nas áreas de neuroendocrinologia, imunologia e microbiologia para elucidar a via de interação biológica entre o HPA, a microbiota intestinal e a depressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A literatura demonstra que a hiperatividade do eixo HPA, frequentemente observada no TDM, resulta em hipercortisolismo crônico. Níveis elevados e persistentes de cortisol exercem efeitos neurotóxicos, promovendo atrofia em regiões cerebrais chave para a regulação do humor, como o hipocampo e o córtex pré-frontal, além de reduzir os níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Paralelamente, o eixo GBA influencia as funções cognitivas e emocionais. A disbiose intestinal, um desequilíbrio na microbiota, está associada ao TDM e pode comprometer a produção de neurotransmissores, visto que cerca de 90% da serotonina corporal é sintetizada no intestino. A interação patológica entre os dois eixos cria um ciclo vicioso: o estresse e o cortisol elevado alteram a composição da microbiota e aumentam a permeabilidade intestinal. Isso permite a translocação de componentes bacterianos, como lipopolissacarídeos (LPS), para a corrente sanguínea, desencadeando uma resposta inflamatória sistêmica. As citocinas pró-inflamatórias, como a IL-6 e TNF-α, podem cruzar a barreira hematoencefálica, causando neuroinflamação que, por sua vez, perpetua a disfunção do eixo HPA e agrava os danos neuronais. CONCLUSÃO: O TDM não deve ser visto apenas como um transtorno cerebral, mas como uma condição sistêmica que envolve uma alça de retroalimentação patológica entre os eixos HPA e GBA. A compreensão integrada desta via de interação é fundamental e aponta para a necessidade de abordagens terapêuticas multimodais, que combinem a regulação do estresse com intervenções direcionadas à saúde intestinal, como o uso de probióticos, prebióticos e dietas específicas, como estratégias promissoras e complementares para o tratamento da depressão.
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