A DEMOCRACIA NA LITERATURA INFANTIL:   UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES DA DEMOCRACIA EM LIVROS INFANTIS

Autores

  • Luise Basso Richetti Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim / Estudante
  • Caroline Cervinski Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim / Estudante
  • Bruna Gottardo Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim / Estudante
  • Zoraia Aguiar Bittencourt Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim / Docente

Palavras-chave:

Literatura infantil, Democracia, Pensamento crítico

Resumo

O presente estudo analisa a representação da democracia em três obras da literatura infantil, Quem manda aqui?, Eleição dos bichos e O que é preciso para ser rei, buscando compreender como essas narrativas contribuem para a formação do pensamento crítico e da consciência cidadã desde a infância. A literatura infantil é aqui concebida como um instrumento formador, que, ao articular fantasia e realidade, possibilita reflexões sobre ética, cidadania, igualdade e participação, ao mesmo tempo em que amplia o universo simbólico do leitor. A fundamentação teórica ancora-se em autores que destacam o papel social e educativo da literatura, defendendo sua capacidade de promover a leitura crítica do mundo e de aproximar a criança de valores democráticos fundamentais. A análise das obras selecionadas evidencia diferentes abordagens da democracia. Em Quem manda aqui?, observa-se o contraste entre formas autoritárias de poder, representadas por figuras como o rei e o militar, e a eleição de uma prefeita escolhida pelo povo, apontando a legitimidade da participação coletiva e o direito de substituição dos representantes. A narrativa incentiva a criança a reconhecer-se como parte ativa de um processo social, desenvolvendo a percepção da importância da escolha e da crítica ao poder arbitrário. Já Eleição dos bichos aprofunda a compreensão dos processos democráticos ao relatar a insatisfação dos animais com a liderança injusta do leão e a posterior organização de eleições. A obra destaca regras essenciais do processo eleitoral, como candidaturas livres, voto secreto e ética na disputa, simbolizando princípios constitucionais da democracia. A vitória da preguiça, que propõe a criação de um conselho para decisões coletivas, reforça a relevância da escuta e da participação plural. Por sua vez, O que é preciso para ser rei enfatiza a dimensão ética da liderança, discutindo atributos como generosidade, empatia, capacidade de ouvir e disposição para mudanças, propondo que governar vai além da posse de poder e exige valores que promovem justiça e convivência democrática. As três obras, em conjunto, aproximam conceitos políticos complexos do universo infantil, oferecendo às crianças uma compreensão inicial de temas como legitimidade, participação e igualdade. Conclui-se que a literatura infantil constitui um espaço privilegiado para a formação cidadã, pois, ao introduzir noções políticas de forma lúdica e acessível, contribui para a construção do pensamento crítico e para o desenvolvimento da consciência democrática. Assim, evidencia-se o papel da literatura infantil como recurso pedagógico e cultural essencial à formação de cidadãos ativos e conscientes.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Erechim