GEOGRAFIAS DE INFÂNCIAS NA OBRA “O SOL É PARA TODOS”

Autores

  • Isadora Beneduzi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Luana Caroline Tenutti Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Andressa Lopes Krause Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Raphaela de Toledo Desiderio Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Territórios de Infâncias, Racismo, Desigualdade

Resumo

O resumo trata de reflexões oriundas de um dos trabalhos desenvolvidos durante o Componente Curricular (CCR) de Ensino de Geografia II no primeiro semestre de 2025. A proposta realizada tinha como objetivo analisar os territórios de infância presentes em filmes ou obras da literatura. A obra escolhida foi “O Sol é para todos” (1960), de Harper Lee, que é narrada por uma criança. A história se passa na cidade fictícia de Maycomb, Alabama (EUA), na década de 1930, pós Grande-Depressão, e trata da trajetória dos irmãos Jean Louise, “Scout” (narradora), Jem e seu pai, Atticus Finch, renomado advogado da cidade. A partir do ponto de vista de Scout, percebe-se como o racismo se faz presente em inúmeros momentos do dia a dia desses cidadãos, com a segregação entre brancos e negros, além de tensões marcadas pelas desigualdades financeira e de gênero. A trama da obra é centrada no julgamento em que Atticus é designado a defender Tom Robinson, um homem negro que fora acusado de estuprar uma mulher branca da cidade, e, no decorrer da história, é notável como os pontos de vista de Jem e, principalmente de Scout, que inicialmente eram de uma felicidade genuína e de esperança, vão mudando para uma indignação e descrença com a realidade em que vivem. Apesar da estabilidade financeira dos Finch, é possível perceber como a Depressão de 1929 afetou a população de Maycomb, visto que algumas das famílias da cidade não tinham condições de pagar por nenhum serviço ou produto, utilizando da permuta como forma de pagamento. A partir das condições de desigualdade financeira e da segregação racial que envolvem as famílias, é possível compreender as diferentes infâncias apresentadas no livro, uma vez que esta não é uma condição singular, mas marcada por diferentes contextos geográficos articulados a outras condições sócio-históricas. Conclui-se que, com base em "O Sol é para todos" e nos escritos de Tebet (2018), os territórios e as geografias das infâncias identificados na obra podem ser analisadas a partir de diferentes perspectivas: infância como experiência; como etapa da vida; estrutura social; geração e relação de poder e infância como construção discursiva/dispositivo do poder. Essas geografias, demonstradas na trajetória de vida das crianças da obra, são impactadas pelos contrastes relacionados a diferentes marcadores sociais como classe, gênero, raça e como estes influenciam na privação de direitos e oportunidades. 

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Erechim