CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INTEGRAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA: UM ESTADO DO CONHECIMENTO
Palavras-chave:
Revisão da literatura; Análise de conteúdo; Formação integral.Resumo
O presente estudo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa, na modalidade estado do conhecimento, que teve como objetivo central mapear e analisar as concepções de Educação Integral na produção acadêmica brasileira que articula o ensino de Ciências e Matemática. A investigação buscou compreender como essa temática tem sido abordada em dissertações e teses, identificando tendências, lacunas e os fundamentos teóricos que sustentam as práticas pedagógicas descritas. Para a coleta de dados, foram consultadas as bases da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD/IBICT) e do Observatório Nacional da Educação Integral (OBEDIN), sem recorte temporal pré-definido. Utilizou-se a combinação dos descritores “Educação Integral”, “Educação em Tempo Integral”, “Ensino de Ciências”, “Ensino de Matemática” e “Práticas Pedagógicas”. Após a aplicação dos critérios de inclusão, que exigiam uma abordagem explícita de práticas pedagógicas no contexto da Escola em Tempo Integral, selecionou-se um corpus final de 15 pesquisas para análise aprofundada, sendo 12 dissertações e 3 teses, produzidas entre 2013 e 2023. Os dados foram submetidos aos procedimentos da Análise de Conteúdo, conforme a metodologia de Bardin, resultando na emergência de quatro categorias centrais. A primeira concepção, e mais recorrente, define a Educação Integral como o desenvolvimento do sujeito em suas múltiplas dimensões (afetiva, social, cultural, ética), superando o foco meramente cognitivo. A segunda à posiciona como um projeto político-social, voltado à cidadania, à justiça social e ao enfrentamento das desigualdades educacionais. A terceira categoria foca na reconfiguração do tempo, do espaço e do currículo, destacando o protagonismo estudantil e a necessidade de superar o ensino linear através de projetos integradores. Por fim, a quarta categoria evidencia a tensão crítica entre os conceitos de “Tempo Integral” e “Educação Integral”, reforçando que a ampliação da jornada escolar, por si só, não garante uma formação integral. Conclui-se que, apesar do consenso sobre a importância de uma formação multidimensional, o desafio reside em converter o propósito político em práticas pedagógicas transformadoras. O estudo revelou também uma lacuna de pesquisas que promovam uma integração efetiva entre as áreas de Ciências e Matemática no contexto da Educação Integral, indicando um campo fértil para futuras investigações.
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