INIQUIDADES SOCIOECONÔMICAS EM RELAÇÃO À USABILIDADE DO APLICATIVO MEU SUS DIGITAL

Autores

  • Livia de Oliveira Sabioni UFFS
  • Thalia Araújo Bezerra
  • Shana Ginar da Silva
  • Vanderléia Laodete Pulga

Palavras-chave:

iniquidades; meu SUS digital; saúde digital; literacia digital; sistema único de saúde.

Resumo

O Meu SUS Digital (antigo ConecteSUS) é um aplicativo do Ministério da Saúde do Brasil, desenvolvido para ampliar o acesso a informações e serviços de saúde, promovendo democratização e transparência. Seu uso pode ser limitado por barreiras ligadas às desigualdades sociais, que influenciam a literacia digital da população. O trabalho tem como objetivo investigar a relação entre iniquidades socioeconômicas dos usuários e a usabilidade do aplicativo Meu SUS Digital. Trata-se de um estudo transversal, descritivo e analítico, recorte da pesquisa multicêntrica “ConecteSUS Cidadão (MEU SUS DIGITAL)”. Foram coletados em 30 Unidades Básicas de Saúde de Passo Fundo, RS, entre outubro a dezembro de 2024, via entrevistas no aplicativo REDCap. Participaram usuários do SUS, com idade igual ou superior a 18 anos, que reportaram utilizar o aplicativo pelo menos uma vez no último ano e aceitaram ser entrevistados. Dentre as exposições, avaliaram-se renda familiar e escolaridade, enquanto a percepção de usabilidade do aplicativo foi considerada o desfecho principal. Os dados foram analisados a partir do programa Stata versão 12.1. Aplicou-se estatística descritiva (n, %), e as relações entre  renda, escolaridade e usabilidade foram testadas pelo qui-quadrado de Pearson, com p<0,05. Entre os 90 usuários participantes, 55,7% tinham renda de até 1 salário-mínimo, 22,7% de 1 a 6 salários-mínimos e 21,6%  ≥7 salários-mínimos. Quanto à escolaridade, 53,4% tinham ensino fundamental ou médio e 46,6% graduação ou pós-graduação. Sobre a usabilidade, 46,7% avaliaram como insatisfatória, 17,8% neutra e 35,6% positiva. Observou-se significância estatística entre renda (p=0,046) e escolaridade (p=0,022) com a usabilidade do aplicativo. Indivíduos  pertencentes aos estratos de maior renda e escolaridade foram aqueles com pior percepção acerca da usabilidade. Isso sugere que usuários com maior alfabetização digital têm mais familiaridade com tecnologias, desenvolvendo expectativas elevadas quanto à interface e funcionalidades. Um estudo que investigou a influência da alfabetização digital sobre a experiência do paciente e a usabilidade de aplicativos mHealth demonstrou que essas variáveis tiveram relação estatisticamente significativa, confirmando que usuários mais experientes tecnologicamente avaliam de forma crítica e eficiente os aplicativos. Esses indivíduos identificam com mais facilidade limitações ou desconexões entre as funcionalidades oferecidas e as necessidades reais. Outra pesquisa aponta que usuários com maior literacia digital percebem barreiras de forma mais clara, explicando a insatisfação de parte da amostra, observada em nosso estudo. Tais achados ressaltam que desenvolvedores devem considerar interface, funcionalidades e promoção da alfabetização digital ao criar aplicativos de saúde. A amostra limitada pode ter influenciado os resultados, reforçando a necessidade de investigações adicionais para avaliar de forma mais ampla a eficácia e a usabilidade do aplicativo como política pública de saúde.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo