NEOPLASIA TESTICULAR EM CANINO: RELATO DE CASO
Palavras-chave:
neoplasia; orquiectomia; ablação; castração; cirurgia.Resumo
Neoplasias testiculares em cães são recorrentes na rotina clínica-cirúrgica, em especial em animais de meia-idade e idosos. Os testículos são o terceiro sítio anatômico mais acometido, e representam 86 a 91% de todas as neoplasias do sistema reprodutivo. A orquiectomia, associada ou não à ablação escrotal, promove a remoção da fonte neoplásica, reduzindo o risco de metástases e as alterações hormonais associadas. Este relato tem por objetivo descrever um caso de neoplasia testicular de canino, sem raça definida, 13 anos e 8,9 kg. À anamnese, o tutor relatou lesão em região testicular, com surgimento há seis meses. Ao exame físico, apresentou sopro cardíaco grau II, linfonodo inguinal esquerdo reativo e aumento de volume no testículo esquerdo com hipertermia local. Foram realizados hemograma e perfil bioquímico hepático e renal, verificando-se discreta leucopenia por linfopenia. Diante dos sinais clínicos, o paciente foi encaminhado para tratamento cirúrgico. Sob anestesia geral, com o paciente em decúbito dorsal, foi realizada uma incisão elíptica em torno do escroto, seguido de dissecção com tesoura de Metzenbaum até exposição dos vasos; o plexo pampiniforme direito foi isolado, e aplicado método das três pinças modificado, com ligadura circular seguida de transfixante com poliglactina 910 0. O mesmo procedimento foi repetido no lado esquerdo. Após, procedeu-se à síntese da túnica vaginal, e aproximação com walking suture e o mesmo fio. A redução do tecido subcutâneo foi semelhante a redução do espaço morto e a demorrafia com nylon. O material removido foi enviado para análise histopatológica. Foram prescritos meloxicam (0,1 mg/kg/VO/SID/2 dias), dipirona (25 mg/kg/VO/TID/5 dias) e clorexidina spray tópico (TID/15 dias). A orquiectomia é o tratamento de escolha para a maioria das neoplasias testiculares em cães, e a ablação escrotal pode ser indicada em situações específicas, como neste caso, quando há comprometimento do tecido escrotal por invasão tumoral ou ulceração, além de reduzir a ocorrência de complicações pós-operatórias, como hematomas e seromas. Embora a linfadenectomia seja indicada, quando os linfonodos apresentam-se reativos, sua realização nem sempre contribui para o prognóstico favorável. Neste caso, esta não foi realizada, uma vez que acarretaria em maior tempo cirúrgico, evitado devido a cardiopatia do paciente; entretanto, diante do caso, deve-se fazer acompanhamento. O presente relato reforça a importância do diagnóstico precoce aliado à intervenção cirúrgica adequada, sendo a orquiectomia associada à ablação escrotal estratégia para garantir a remoção de tecido neoplásico, que propicia melhor prognóstico e qualidade de vida ao paciente. Além disso, evidencia-se a relevância da castração em animais jovens, reduzindo a ocorrência dessas neoplasias em cães geriátricos.
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