FATORES CLINICOPATOLÓGICOS ASSOCIADOS À MUTAÇÃO BRAF(V600E) EM PACIENTES COM CARCINOMA DE TIREOIDE: UMA SÍNTESE DE REVISÕES SISTEMÁTICAS E METANÁLISES
Palavras-chave:
genética, BRAF Quinase, neoplasias, glândula tireoideResumo
O carcinoma de tireoide está entre as neoplasias endócrinas mais comuns e pode ser dividido em quatro subtipos, de acordo com sua morfologia celular, em ordem de ocorrência: papilífero, folicular, medular e anaplásico. Contudo, tem-se discutido na literatura a influência das mutações genéticas nesses tumores, em especial as que acometem o oncogene BRAF, codificador da proteína B-Raf, como a variante BRAF(V600E). A B-Raf atua como um componente essencial na via de sinalização da proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK), que regula processos vitais como a proliferação, diferenciação e sobrevivência celular. Embora essa mutação seja bem estabelecida, seu impacto real no prognóstico dos pacientes tem sido objeto de discussão no meio científico. Portanto, este estudo buscou analisar o prognóstico dos pacientes a partir de diversos fatores sociodemográficos e clinicopatológicos associados a essa mutação. Realizou-se uma busca na ferramenta PUBMED por revisões sistemáticas e/ou metanálises publicadas na língua inglesa, nos últimos 10 anos e utilizando as palavras de interesse como “thyroid cancer”; “BRAF mutation”; “prognostic”; dentre outras. As variáveis avaliadas incluíram idade, sexo, tamanho do tumor, metástase de linfonodos e à distância, invasão vascular, extensão extratireoidiana, multifocalidade e estadiamento. Os dados estão apresentados de forma descritiva, considerando-se relevantes apenas aqueles com resultados estatisticamente significativos (p<0,05 e IC 95%). A busca identificou 39 resultados, dos quais apenas 12 atenderam aos critérios de inclusão, totalizando 98.440 pacientes analisados. Um estudo avaliou a relação BRAF(V600E)+ com o gênero, identificando predomínio de mulheres (81,2%) nos 14.414 casos. Em relação à idade, observou-se heterogeneidade entre os estudos: dois relataram maior prevalência em indivíduos ≥45 anos, enquanto apenas uma metanálise apontou predominância em pacientes ≤45 anos. Quanto ao tamanho tumoral, duas metanálises associaram a mutação com tumores de maiores tamanhos, de acordo com os critérios de cada estudo. Sobre presença de metástases, três análises evidenciaram maior frequência de mutações em linfonodos, duas relacionaram com metástases à distância e outras duas identificaram maior invasão vascular. A extensão extratireoidiana foi significativamente associada à mutação em 6 metanálises e em 1 revisão sistemática, enquanto a multifocalidade apresentou correlação em quatro artigos. Em relação ao estadiamento do tumor, definido pelo sistema internacional de classificação de tumores, TNM, a mutação BRAF(V600E) predominou naqueles com estadio III ou IV em sete investigações. Portanto, essa variante genética configura-se como um marcador de prognóstico no carcinoma de tireoide, sendo sua detecção útil para a estratificação de risco e individualização terapêutica. Entre as limitações deste trabalho destacam-se a heterogeneidade dos resultados e a possibilidade de sobreposição dos estudos incluídos nas metanálises e revisões sistemáticas. Desta forma, novas investigações são cruciais para consolidar a aplicação clínica desta variante no manejo dos pacientes.
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