COMPORTAMENTOS DE RISCO MATERNOS E EXPOSIÇÃO INFANTIL A TELAS EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Isabel Benevides Frossard Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Jéssica Boufleur UFFS
  • Ketlin Angelin UFFS
  • Shana Ginar da Silva UFFS

Palavras-chave:

saúde pública; atenção primária à saúde; comportamentos maternos de risco; exposição infantil às telas.

Resumo

O aumento da exposição das crianças a dispositivos eletrônicos está relacionado a comportamentos maternos de risco, como tabagismo e etilismo, que reduzem a atenção ao cuidado infantil. A atenção primária deve identificar esses fatores e implementar ações específicas, como orientação às famílias para minimizar os impactos desses comportamentos e promover alternativas saudáveis ao uso de tecnologia. O estudo avaliou a relação entre comportamentos maternos de risco e exposição diária a telas em crianças de até 02 anos atendidas na atenção primária de Passo Fundo, RS. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre junho e dezembro de 2024, com mulheres a partir de 12 anos com filhos de até 24 meses, em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS). Faz parte da pesquisa “Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal”, aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Fronteira Sul (nº 5.761.013). Dados foram coletados por entrevistas presenciais conduzidas por entrevistadores treinados. O desfecho principal foi a exposição diária a telas, classificada como “sem exposição” ou “com exposição” (≥1 min/dia), calculada pela soma do tempo de uso de TV e dispositivos eletrônicos nos períodos da manhã, tarde e noite, conforme questionário. As exposições referem-se a comportamentos maternos de risco (tabagismo e etilismo atuais), categorizados como “sim” ou “não”. Utilizou-se estatística descritiva (n%) e o teste do qui-quadrado para avaliar associações. As análises foram realizadas no PSPP 2.0.0, com significância de p<0,05. A amostra incluiu 128 mulheres e seus filhos(as). A idade média das mães foi 26 anos (±7,2), 53,3% se autodeclararam pretas, pardas ou indígenas e 65% possuíam cônjuge. Em relação às condições socioeconômicas, 57,4% não possuíam ocupação ativa e 57,3% apresentavam renda familiar per capita de até meio salário-mínimo. A prevalência de tabagismo foi de 18% (IC95%: 11–25) e a de etilismo, de 22% (IC95%: 15–30). Quanto à exposição às telas, 44,5% das crianças não foram expostas e 55,5% apresentaram pelo menos 1 minuto de exposição. Observou-se associação entre tabagismo materno e maior prevalência de exposição às telas, à medida que 72,7% dos filhos de mães fumantes foram expostos, comparado a 49,0% de exposição entre os filhos das mães não fumantes (p=0,043). Padrão semelhante foi identificado em relação ao etilismo: entre filhos de mães que consumiam álcool, 70,4% eram expostos e 29,6% não, frente a 48,4% e 51,6% entre filhos de mães não etilistas (p=0,044). O estudo aponta que o tabagismo e etilismo maternos estão associados à maior exposição às telas nos primeiros dois anos de vida. Trata-se de uma relação complexa, atravessada por determinantes sociais de saúde — à medida que mulheres de baixa renda, mães solos e sem rede de apoio tendem a apresentar maior prevalência destes comportamentos. Estudos futuros devem considerar a etiologia multifatorial dessas associações, pois produzir conhecimento sobre o tema é essencial para orientar estratégias qualificadas na atenção primária, fortalecendo ações preventivas e de promoção do desenvolvimento infantil.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo