A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PELO NOME PRÓPRIO EM A CULPA É DOS TEUS PAIS (2010), DE MARISTELA SCHEUER DEVES
Palavras-chave:
Literatura brasileira; autoimagem; intolerância; romance policial.Resumo
O presente trabalho analisa a construção da identidade dos personagens no romance policial A Culpa é dos Teus Pais (2010), de Maristela Scheuer Deves, evidenciando as complexidades sociais ligadas ao nome próprio. O objetivo geral consiste em investigar como a nomeação influencia a percepção e a autoimagem dos indivíduos, enquanto os objetivos específicos envolvem examinar a função do nome como marcador social, capaz de reforçar estereótipos ou provocar exclusão, e identificar de que modo a narrativa problematiza a relação entre nome e identidade, revelando dinâmicas de intolerância. No romance, o nome próprio ultrapassa sua função meramente identificadora, tornando-se um elemento simbólico central na construção e negação da identidade. O protagonista Dione Quenedi Cherlóque Rolmes de Oliveira experimenta vergonha e rejeição em relação ao próprio nome, projetando suas frustrações e traumas em atos de violência contra indivíduos cujos nomes considera diferentes ou problemáticos. Ao mesmo tempo, outros personagens, como Guisela, afirmam sua identidade por meio da aceitação e valorização de seus nomes, destacando o contraste entre reconhecimento social e rejeição. A narrativa evidencia que a identidade não é um traço fixo, mas se constrói em interação com o olhar do outro, sendo moldada por normas, valores e contextos históricos, conforme os conceitos de Stuart Hall (2006). Ao longo do capítulo também encontramos diferentes autores que fundamentam a compreensão da identidade e do nome próprio, dentre os quais Moretti (2007) sobre a influência do nome na trajetória individual, Mariani (2014) no que se refere à subjetivação social do nome, e Todorov (2008) sobre a dissonância entre aparência e essência nas relações humanas. Dessa forma, a obra demonstra que a construção da identidade está intrinsecamente ligada à percepção social, às pressões externas e à forma como o indivíduo se posiciona diante dessas influências. A análise do romance policial permite compreender como o nome próprio pode atuar simultaneamente como símbolo de singularidade e como mecanismo de marginalização, refletindo sobre a vulnerabilidade dos sujeitos às expectativas e estigmas impostos pela sociedade.
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