NEUROCIRURGIA ENDOVASCULAR ELETIVA: USO DE MEDICAMENTOS CARDIOVASCULARES INTRAOPERATÓRIOS E OCORRÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS CARDIOVASCULARES PÓS-OPERATÓRIOS

Autores

  • Bruna Lara Zardin UFFS - PF
  • Henrique Padilha Gnoatto
  • Maressa Madja da Costa Batista
  • Caroline Fröhlich Machado
  • Lucas Dalla Maria
  • Eugenio Pagnussatt Neto
  • Shana Ginar da Silva
  • Ivana Loraine Lindemann

Palavras-chave:

neurocirurgia, procedimentos endovasculares, monitorização intraoperatória, complicações pós-operatórias, fatores de risco

Resumo

A cirurgia endovascular é um método empregado para oferecer maior segurança e melhores desfechos pós-operatórios, sendo amplamente usada em diversas áreas cirúrgicas. Sua abordagem minimamente invasiva permite o acesso a sítios anatômicos de difícil alcance, o que preserva as estruturas adjacentes. O sucesso cirúrgico e clínico nessa modalidade estão relacionados, além do tipo de cirurgia, com características individuais dos pacientes. Assim, analisar o perfil sociodemográfico, histórico médico e fármacos intraoperatórios torna-se fundamental para compreender melhor os fatores de risco. Diante disso, este estudo buscou descrever as características de base e a ocorrência de eventos adversos de pacientes submetidos a neurocirurgia endovascular eletiva. Trata-se de um estudo transversal descritivo realizado em um hospital terciário de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, incluindo pacientes com 18 anos ou mais submetidos a neurocirurgias cranianas eletivas entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022. Os dados foram obtidos por meio da análise de prontuários eletrônicos, após aprovação do comitê de ética em pesquisa (parecer nº 6.282.730). A amostra contou com 39 pacientes, com predominância de homens (53,8%), idade igual ou superior a 60 anos (51,3%) e cor branca (94,9%). Observou-se ainda, etilismo (66,7%), tabagismo (35,9%) e peso inadequado (n=31; 71%), de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC). Quanto ao histórico médico, a maioria dos participantes apresentava comorbidades (97,4%), destacando-se hipertensão arterial sistêmica (71,8%), doença cerebrovascular (53,8%) e doença cardiovascular (43,6%). No período intraoperatório, as principais medicações usadas foram heparina (94,9%), atropina (43,6%), clopidogrel (7,7%), protamina (5,1%) e tirofibana (2.6%). A análise dos eventos adversos pós-operatórios revelou considerável ocorrência de complicações cardiovasculares, sendo as mais frequentes hipertensão (28,2%), hipotensão (25,6%), taquicardia (23,1%) e bradicardia (10,3%). A análise do perfil sociodemográfico indicou que idade avançada, etilismo e peso inadequado, somados a comorbidades preexistentes dos sistemas cardiovascular e cerebrovascular, figuram como agravantes para desfechos importantes. Quanto à farmacoterapia intraoperatória, a heparina e a atropina foram os medicamentos mais frequentes, o que suscita a necessidade de investigações futuras para elucidar sua possível relação com eventos adversos. Este estudo, devido ao delineamento, está sujeito a limitações podendo haver vieses de informação, seleção e causalidade reversa. Entretanto, os achados reforçam a importância do monitoramento rigoroso dos pacientes submetidos à neurocirurgia endovascular, especialmente daqueles com múltiplas comorbidades e fatores de risco, a fim de reduzir complicações e otimizar os desfechos clínicos relacionados ou não ao uso de fármacos intraoperatórios.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo