OBESIDADE MATERNA PRÉVIA E PRÉ-ECLÂMPSIA EM MULHERES ASSISTIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Autores

  • Jéssica Boufleur Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Isabel Benevides Frossard
  • Natasha Cecilia Silva Vilela
  • Lucas Tedesco Guimarães
  • Kelly de Almeida Schlager
  • Luana Bugone
  • Susan Marie Maffini
  • Shana Ginar-Silva

Palavras-chave:

Pré-eclâmpsia, Obesidade, Estado nutricional, Gestação.

Resumo

A pré-eclâmpsia é um transtorno hipertensivo complexo da gestação, associado a elevados índices de morbimortalidade materna e perinatal. A obesidade pré-gestacional, por sua vez, tem sido cada vez mais reconhecida como um fator que potencialmente eleva o risco para o desenvolvimento dessa condição. Nessa perspectiva, objetivou-se descrever a prevalência e avaliar a relação da pré-eclâmpsia com o estado nutricional pré-gestacional. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal vinculado à pesquisa “Saúde da mulher e da criança no ciclo gravídico-puerperal em usuárias do Sistema Único de Saúde” com aprovação ética sob o n° 3.219.633. A pesquisa foi realizada de dezembro de 2022 a dezembro de 2024 com mulheres de idade igual ou superior a 12 anos, e filhos de até 2 anos de idade, atendidos em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Passo Fundo, RS. Os dados foram obtidos por entrevistas presenciais nas UBS por acadêmicos de Medicina previamente treinados. O desfecho analisado foi a ocorrência da pré-eclâmpsia, medida por autorrelato das participantes. A variável independente foi o estado nutricional pré-gestacional. As mulheres foram classificadas conforme o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestacional, obtido por peso e altura autorreferidos: obesidade (≥30 kg/m²), sobrepeso (25–29,9 kg/m²), eutrofia (18,5–24,9 kg/m²) e baixo peso (<18,5kg/m²). Como covariáveis, para descrição da amostra, foram incluídas idade, cor da pele, escolaridade, renda e situação conjugal. A prevalência da pré-eclâmpsia foi apresentada com intervalo de confiança de 95% (IC95) e distribuída segundo as categorias do IMC pré-gestacional (teste qui-quadrado, erro alfa de 5%). A amostra incluiu 378 mulheres, com idade média de 26 anos, cor branca (52,5%), entre 8 e 12 anos de estudo (60,1%), renda per capita inferior a 0,5 salário-mínimo (56,6%) e com cônjuge (70,7%). Quanto ao estado nutricional, 22,4% das mulheres apresentavam obesidade antes de engravidar. A prevalência de pré-eclâmpsia foi de 12% (IC95 9-15), mais alta nas mulheres com obesidade pré-gestacional (24,3%; p<0,001) em comparação às demais (8,2%). O estudo evidenciou uma alta prevalência de pré-eclâmpsia, sendo a obesidade pré-gestacional significativamente relacionada ao desenvolvimento desse agravo. Esses resultados destacam a relevância do acompanhamento nutricional e da orientação pré-concepcional na Atenção Primária à Saúde como estratégias essenciais para a prevenção de complicações hipertensivas na gestação, contribuindo para a promoção da saúde materna e perinatal.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo