SAÚDE DAS POPULAÇÕES DO CAMPO, FLORESTA E ÁGUAS:UM OLHAR SOBRE A PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO RIO GRANDE DO SUL
Palavras-chave:
Saúde, Rural, Indígena, Quilombola, População RibeirinhaResumo
As populações do campo, floresta e águas compreendem um conjunto diverso de sujeitos sociais cujas formas de vida estão profundamente ligadas à natureza e ao território que ocupam – agricultores familiares, camponeses, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e demais comunidades tradicionais. Historicamente, tais grupos enfrentam processos de exclusão social, perda de territórios, precarização laboral e limitações no acesso a serviços essenciais, especialmente à saúde. Faz-se fundamental, portanto, dedicar atenção específica à saúde dessas populações, de modo a garantir a efetivação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse contexto, a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF), desde 2011, representa marco importante ao reconhecer as especificidades desses grupos e ao propor estratégias intersetoriais para reduzir desigualdades em saúde. A presente iniciação científica, ainda em andamento, busca investigar como a produção acadêmica sobre saúde das populações do campo, floresta e águas tem se consolidado nas universidades federais do Rio Grande do Sul no período de 2014 a 2024. A escolha do recorte temporal relaciona-se diretamente à consolidação da PNSIPCF, permitindo avaliar se suas diretrizes e princípios vêm sendo incorporados no campo científico. Metodologicamente, trata-se de um estudo exploratório e descritivo, de caráter bibliométrico, com foco no levantamento e na análise de teses, dissertações e monografias disponíveis em repositórios institucionais das Universidades Federais de Ciências da Saúde de Porto Alegre, de Pelotas, de Santa Maria, do Pampa, de Rio Grande, do Rio Grande do Sul e da Fronteira Sul. Para a busca foram utilizados o descritor “Saúde” associado aos descritores “Rural”, “Indígena”, “Quilombola” e “População Ribeirinha”. A seleção dos textos foi realizada inicialmente por título, após por resumo e, posteriormente, por leitura na íntegra, com avaliação independente por dois revisores e, em caso de divergência, por um terceiro avaliador. Os dados foram analisados a partir da estratégia metodológica “Problema, Conceito e Contexto”, sendo o “Problema” a produção científica sobre saúde das populações referidas; o “Conceito”, as especificidades da saúde no campo, floresta e águas; e o “Contexto”, os repositórios das Universidades Federais do Rio Grande do Sul no período determinado. Ainda que a coleta inicial tenha identificado número significativo de produções, os resultados finais mostraram que apenas uma pequena parcela destes relacionava-se diretamente ao tema, com predominância de estudos voltados à população rural de forma mais ampla, enquanto comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas seguem menos representadas. O estudo, até o presente momento, evidencia a baixa visibilidade e a escassa produção científica voltada às populações do campo, floresta e águas, o que representa um obstáculo à formulação de políticas públicas eficazes e ao fortalecimento da equidade em saúde. Essa lacuna acadêmica perpetua a invisibilidade dessas comunidades, já historicamente excluídas, e limita o alcance das ações governamentais para garantir condições dignas de vida e acesso universal ao SUS. Ressalta-se, diante disso, a urgência de ampliar os investimentos em pesquisa voltada a esses grupos, promovendo a integração entre saberes acadêmicos e tradicionais, e assegurando que as políticas de saúde sejam fundamentadas em evidências robustas que reflitam a diversidade socioterritorial brasileira.
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