PREVALÊNCIA DE SEQUELAS E COMORBIDADES CARDIOVASCULARES EM PACIENTES APÓS INTERNAÇÃO POR COVID-19 NO NORTE GAÚCHO
Palavras-chave:
COVID-19 Sequela Cardiovascular; Doenças CardiovascularesResumo
A pandemia de Covid-19, iniciada em 2019, revelou-se não apenas como uma condição
infecciosa aguda, mas também como um fenômeno capaz de gerar consequências prolongadas,
denominadas Síndrome Pós-Covid ou Covid Longa. Entre essas complicações, destacam-se as
manifestações cardiovasculares, que podem envolver desde sintomas leves e persistentes, como
dor torácica e taquicardia, até condições graves, incluindo infarto do miocárdio, arritmias e
disfunções cardíacas. Apesar da crescente produção científica internacional, ainda há escassez
de estudos dessa temática em municípios do interior brasileiro, sobretudo na Região Sul, o que
reforça a necessidade de investigações em contextos locais. Este estudo transversal,
quantitativo e analítico incluiu 162 pacientes, previamente hospitalizados por Covid-19 na
cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, entrevistados entre setembro de 2022 e abril de
2023. A coleta de dados ocorreu por meio de questionários estruturados, contemplando
informações sociodemográficas, condições de saúde prévias, hábitos de vida e ocorrência de
sintomas persistentes após a alta hospitalar. As variáveis independentes envolveram fatores
clínicos e comportamentais, enquanto as dependentes foram sequelas e comorbidades
cardiovasculares. A análise estatística foi realizada no software PSPP, utilizando-se estatística
descritiva e teste do qui-quadrado, considerando p<0,05. A amostra caracterizou-se
majoritariamente por idosos (68,5%), mulheres (59,3%), indivíduos de cor branca (71%) e de
baixa escolaridade (53,1%). Verificou-se que 43,7% relataram ao menos uma sequela
cardiovascular e 9,9% desenvolveram nova comorbidade após a internação. Entre os desfechos
mais prevalentes, destacaram-se taquicardia (24,4%), dor precordial (20,8%) e trombose
(4,9%). Houve relação estatisticamente significativa entre condições pré-existentes, como
hipertensão arterial sistêmica, diabetes e doenças cardíacas, e a ocorrência de sequelas ou
comorbidades. Os resultados reforçam a elevada carga cardiovascular da Covid Longa e
evidenciam que pacientes com doenças crônicas prévias apresentam maior vulnerabilidade a
complicações persistentes. Tais achados justificam a necessidade de acompanhamento clínico
prolongado e de políticas de saúde voltadas ao seguimento pós-alta hospitalar, de modo a
reduzir impactos na qualidade de vida e prevenir agravos adicionais. Apesar das limitações do
delineamento transversal e do uso de autorrelato, este estudo contribui para a compreensão da
Covid Longa em realidades locais e incentiva a realização de pesquisas longitudinais que possam aprofundar a análise da relação entre fatores de risco e desfechos cardiovasculares.
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