COMPARAÇÃO DA ESTRUTURA FITOPLANCTÔNICA EM AMBIENTES AQUÁTICOS LÊNTICOS E LÓTICOS NA ÁREA URBANA DE REALEZA, PR

Resumo

Os ecossistemas aquáticos são fundamentais para a vida e para as atividades humanas, por isso é essencial compreender seu funcionamento e de que maneira as atividades antrópicas podem afetar a biodiversidade, tornando necessário adotar soluções sustentáveis. Nesse contexto, o fitoplâncton é considerado um eficiente bioindicador, pois apresenta elevada sensibilidade a variações ambientais e nutricionais, além de possuir ciclo de vida rápido e desempenhar o papel de base da cadeia alimentar. Dessa forma, a análise da composição e abundância de comunidades fitoplanctônicas auxilia no entendimento da dinâmica dos ecossistemas aquáticos continentais e fornece subsídios para avaliar a qualidade da água. Diante disso, o objetivo deste trabalho, desenvolvido no componente curricular Ecologia de Ecossistemas Aquáticos do curso de Ciências Biológicas, foi identificar a composição de fitoplâncton em ambiente lêntico e lótico e comparar as diferenças de composição entre eles. As coletas foram realizadas no município de Realeza-PR, utilizando rede de plâncton de 20 µm. No lago (ambiente lêntico), a rede foi arrastada lentamente na superfície em três pontos distintos, enquanto no arroio (ambiente lótico) a coleta ocorreu em um único ponto, mantendo a rede parada por três minutos devido à correnteza O material coletado foi analisado no laboratório da Universidade Federal da Fronteira Sul com auxílio de microscópio óptico. Foram preparadas lâminas, e para a identificação dos organismos foi empregado o Atlas de Cianobactérias e Microalgas de Águas Continentais Brasileiras. Os resultados evidenciaram que a composição fitoplanctônica variou entre os dois ambientes, refletindo as características físico-químicas e hidrodinâmicas de cada sistema. No lago, foram identificados 14 táxons, com predominância de Gomphonema gracile (+10 indivíduos), típica de ambientes mais estáveis e com menor turbulência. Também foram observados representantes de diatomáceas não identificadas, cianobactérias, clorofíceas e espécies como Desmodesmus communis e Pediastrum duplex, que indicam águas com disponibilidade de nutrientes. No arroio, foram registrados 6 táxons, com maior presença de Synechocystis aquatilis (+10 indivíduos) e dinoflagelados (7 indivíduos), organismos associados ao maior dinamismo hidrológico, à presença de nutrientes carreados pela correnteza e a flutuações ambientais. A ocorrência de Cephalothrix komarekiana em ambos os ambientes sugere elevada tolerância ecológica, permitindo sua adaptação a diferentes condições. Essa característica reforça a importância de determinados grupos como indicadores da qualidade ambiental. A diversidade registrada demonstra a complexidade da estrutura fitoplanctônica, que pode ser usada para inferir processos ecológicos relevantes, como equilíbrio do ecossistema, produtividade primária e potenciais impactos antrópicos. O ambiente lêntico apresentou maior número de organismos, provavelmente devido ao menor renovamento da água e à estabilidade das condições físico-químicas, favorecendo o crescimento das microalgas. Já o ambiente lótico apresentou menor diversidade, mas destacou-se pela presença de espécies específicas e pela dominância de táxons adaptados a maior turbulência e fluxo de nutrientes. As diferenças observadas mostram a influência das condições ambientais, reforçando o papel do fitoplâncton como bioindicador da qualidade da água. A identificação de táxons característicos auxilia na compreensão da dinâmica ecológica e no monitoramento e conservação da biodiversidade aquática.