RELATO DE EXPERIÊNCIA: A DOCÊNCIA E O ENFRENTAMENTO DA VERGONHA
Palavras-chave:
Adição; Lúdica; Cálculo Mental; Formação de professores;Resumo
O presente trabalho apresenta uma prática pedagógica desenvolvida no componente curricular “Práticas e Ludicidade na Sala de Aula”, do Curso de Pedagogia – Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, no primeiro semestre de 2025. A proposta foi elaborada para ser aplicada em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental, nos Anos Iniciais, localizada na região das Missões. A atividade, intitulada “Sorveteria da Adição”, teve como objetivo principal estimular o raciocínio lógico e o desenvolvimento do cálculo mental por meio de uma brincadeira lúdica e divertida, proporcionando às crianças momentos de aprendizagem prazerosa. Durante o desenvolvimento da proposta, contei com o apoio de minhas colegas de sala de aula. Mesmo assim, vivi uma das experiências mais desafiadoras e, ao mesmo tempo, mais transformadoras da minha formação: enfrentar a vergonha e o anseio de me colocar como professora diante de uma turma. Eu dominava a atividade, pois havia sido preparada com atenção e cuidado, mas a insegurança me fazia acreditar que tudo poderia ruir. Pensava: “E se os alunos não me ouvirem? E se não compreenderem a minha explicação?” Essas eram as perguntas que mais surgiam em minha mente. Na primeira aplicação da atividade, senti minhas mãos trêmulas segurando a lata dos sorvetes. Ainda assim, permaneci firme. Chamei a atenção dos alunos uma, duas vezes, e, na terceira, todos me olharam atentamente, aguardando minha apresentação e a explicação da atividade. Com o auxílio de minhas colegas, organizamos os estudantes em dois grupos, considerando os diferentes níveis de aprendizagem. No decorrer da dinâmica, tudo foi se tornando mais tranquilo. As mãos trêmulas deram lugar a um sorriso no rosto, e percebi que a vergonha fazia parte do processo. Ela não era um inimigo a ser eliminado, mas um sinal de que eu estava enfrentando algo novo e importante. Com o passar dos minutos, a confiança foi crescendo, e percebi a aprovação das crianças nos sorrisos ao final da atividade e no desejo sincero de repeti-la. Enfrentar a vergonha não significou apenas superar um medo, mas compreender que estou em processo de formação docente, no qual também há espaço para acolher nossas fragilidades. Hoje compreendo que a vergonha não me impediu de ensinar nem de desenvolver a atividade; ao contrário, ela me recorda da coragem necessária para dar o primeiro passo.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 milena becker, Dr. Cleusa Ziesmann, Dr. Claudia Ilgenfritz

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

