ACHADOS MACROSCÓPICOS DE DEGENERAÇÃO MIXOMATOSA DA VALVA MITRAL EM SUÍNOS NA FASE DE CRECHE

Autores

  • Ketlin Eduarda Gazzola Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Amália Vitória Zimpel Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gabrielle Gomes Galdino Universidade Federal da Fronteira Sul
  • João Vinicio Neukamp Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ana Victoria Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Tiago Luiz Pauwelz Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Dalila Moter Benvegnú Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fabiana Elias Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Suinocultura , DDVA, Endocardiose , Válvulas

Resumo

O coração é o órgão responsável por manter a circulação sanguínea e, ao longo da vida dos animais, pode apresentar alterações morfológicas que comprometem sua função. Entre as afecções cardíacas mais relevantes se destaca a doença degenerativa das valvas atrioventriculares (DDVA), também denominada degeneração mixomatosa valvar. Essa enfermidade é frequentemente descrita em cães de pequeno porte, representando a cardiopatia adquirida mais comum nessa espécie. Porém, estudos demonstram que outras espécies, como equinos, bovinos e suínos, também podem ser acometidas, ainda que de forma menos relatada. Nos suínos, a incidência e a gravidade tendem a aumentar com o avanço da idade, mas a ocorrência em animais jovens ainda é pouco explorada na literatura. As alterações típicas da DDVA envolvem espessamento, opacificação e nodulações das valvas, encurtamento dos folhetos, além de alterações nas cordoalhas tendíneas, como alongamento ou ruptura. Tais processos levam à insuficiência valvar, refluxo sanguíneo e, consequentemente, a sobrecarga de volume das câmaras cardíacas, favorecendo o desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva. Em cães, esses mecanismos já são bem estabelecidos; entretanto, em suínos, o impacto clínico e zootécnico ainda é pouco documentado, sendo relevante investigar se alterações semelhantes podem comprometer a viabilidade e a performance produtiva do animal e consequentemente do rebanho. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo relatar a ocorrência de alterações compatíveis com degeneração mixomatosa da valva mitral em leitões de sétima a décima semana de vida, com base em achados macroscópicos observados em necropsias. Foram realizadas 19 necropsias em leitões provenientes de uma granja comercial, que vieram a óbito naturalmente nesse período. Desses, 12 animais apresentaram alterações nas válvulas cardíacas, sobretudo na valva mitral. Durante a avaliação macroscópica, observaram-se espessamento e opacificação dos folhetos, presença de nódulos e irregularidades na superfície, diminuição da espessura das cordas tendíneas, além de redundância e encurtamento valvar. Essas lesões são compatíveis com degeneração mixomatosa e correspondem a 63,15% dos animais avaliados. Tal achado sugere que a doença pode se manifestar de forma significativa já em idades precoces, contrariando a ideia de que se trata apenas de uma enfermidade relacionada ao envelhecimento. A identificação de lesões valvares em suínos jovens levanta hipóteses quanto à etiologia da doença, que pode incluir predisposição genética, distúrbios metabólicos e até fatores infecciosos ou nutricionais capazes de fragilizar o tecido conjuntivo da valva. Além disso, destaca-se a importância da necropsia como ferramenta essencial para a detecção de alterações cardíacas subjacentes, muitas vezes não identificáveis clinicamente em animais de produção. Assim, os achados relatados contribuem para ampliar a compreensão da patogenia da degeneração mixomatosa em diferentes espécies, apontando para a necessidade de estudos adicionais que investiguem sua prevalência, mecanismos envolvidos e potenciais repercussões na saúde e no desempenho produtivo de suínos.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Agrárias - Pesquisa (TCC) - Campus Realeza