DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À SAÚDE E DESENVOLVIMENTO ACADÊMICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO ATENDIMENTO A IMIGRANTES.
Palavras-chave:
imigrantes, saúdeResumo
Em agosto de 2018, a Universidade Federal da Fronteira Sul – campus Passo Fundo (UFFS-PF) instituiu o projeto de extensão denominado “Ambulatórios de Acolhimento em Saúde do Imigrante”, com a finalidade de oferecer atendimento médico e odontológico direcionado à população imigrante da região do norte gaúcho. Atualmente a população assistida já ultrapassa a marca de mil pessoas de distintas origens étnicas, incluindo senegaleses, bengaleses, haitianos e venezuelanos. Esse ambulatório, vinculado ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), funciona por meio de agendamentos prévios e por demanda espontânea dos usuários, sendo os atendimentos realizados no último sábado de cada mês por estudantes e residentes da universidade, configurando-se também como um espaço formativo. A vivência nesse contexto revela-se particularmente enriquecedora, não apenas pelo contato com a prática clínica, que possibilita a consolidação de saberes técnicos essenciais à formação médica, mas também pelo desenvolvimento de competências humanísticas e interculturais, indispensáveis ao cuidado integral em saúde. Os imigrantes atendidos no ambulatório apresentam uma ampla diversidade de origens nacionais, realidades socioeconômicas e necessidades de saúde, o que torna o processo de cuidado ainda mais complexo e desafiador. Nesse cenário, a formação acadêmica é potencializada ao exigir do estudante não apenas o raciocínio clínico, mas também a sensibilidade para lidar com diferenças culturais, barreiras linguísticas e situações de vulnerabilidade social, favorecendo a construção de uma postura crítica, empática e inclusiva. Além do impacto individual na formação, destaca-se a relevância coletiva da manutenção desse tipo de projeto de extensão universitária, uma vez que ele cumpre papel central na democratização do acesso à saúde, ampliando a resolutividade do sistema para populações que historicamente enfrentam obstáculos de inserção social. Dessa forma, a iniciativa alinha-se diretamente às diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), ao promover um atendimento público, gratuito, universal e pautado na equidade, evidenciando a função social da universidade em articular ensino, pesquisa e extensão em benefício da comunidade. A experiência vivenciada demonstra que a criação e o fortalecimento de projetos dessa natureza ampliam o alcance dos serviços de saúde e contribuem para a formação de profissionais mais preparados para enfrentar a complexidade do cuidado em um país plural e multicultural. Em suma, participar do Ambulatório de Atenção Integral à Saúde dos Imigrantes configura-se como uma oportunidade ímpar de crescimento acadêmico, pessoal e profissional, reafirmando a importância do compromisso das instituições de ensino superior com a promoção da saúde, a valorização da diversidade e a efetivação dos princípios que sustentam o SUS.
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