PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE INDÍGENA: QUAL A RELAÇÃO COM A FAIXA ETÁRIA?

Autores

  • Antonio Manoel Ferreira Raymundo UFFS
  • Daniela Teixeira Borges
  • Leandro Tuzzin
  • Gustavo Olszanski Acrani
  • Ivana Loraine Lindemann

Palavras-chave:

Doenças Crônicas não Transmissíveis, Síndrome Metabólica, Povos Originários, Atenção Secundária, Perfil Epidemiológico

Resumo

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) faz parte de um conjunto de morbidades chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e tem como agravantes, fatores que podem ser hereditários ou adquiridos. Na população indígena, houve um grande aumento das DCNT, como hipertensão e diabetes, por conta de mudanças sociais e de estilo de vida. Diante desse cenário, torna-se necessária uma melhor compreensão da influência do DM2 nesse recorte populacional. Para isso, este estudo teve como objetivo estimar a prevalência de diabetes mellitus tipo 2 em indígenas e verificar sua distribuição conforme a faixa etária. Esse trabalho se refere a um estudo transversal desenvolvido na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, mediante aprovação ética (parecer número 45.918.524). Os dados foram obtidos a partir da análise de prontuários eletrônicos referentes a atendimentos realizados a pacientes indígenas, de ambos os sexos e com idade igual ou superior a 20 anos, no período de agosto de 2021 a junho de 2024, em um ambulatório de média e alta complexidade especializado. A variável dependente analisada foi o diagnóstico de DM2 registrado em prontuário e a variável independente foi a faixa etária, categorizada de dez em dez anos. A análise estatística foi realizada no software PSPP (distribuição livre) incluindo caracterização da amostra (frequências absolutas e relativas), estimativa da prevalência de DM2, com intervalo de confiança de 95% (IC95) e análise da distribuição da variável dependente conforme a independente (teste do qui-quadrado, assumindo erro alfa de 5%). A amostra foi constituída por 570 indivíduos, dentre os quais destacaram-se pacientes do sexo feminino (59,3%) e com idade na faixa dos 20 aos 29 anos (26,4%; n=569). Nessa amostra, observou-se prevalência de DM2 de 11,2% (n=547) com intervalo de confiança de 95% (IC95) de 8,5% a 13,8%. Sobre a distribuição da frequência de DM2 de acordo com idade verificou-se que na faixa dos 20 aos 29 anos, a prevalência de DM2 foi de 0,7%, dos 30 aos 39 anos, 10,4%, dos 40 aos 49 anos, 9,3%, dos 50 aos 59 anos, 20,0%, dos 60 aos 69 anos, 22,7%, dos 70 aos 79 anos, 28,6% e com idade igual ou superior a 80 anos, a prevalência foi de 13,3% (p<0,001). A alta taxa de DM2 corrobora a tendência de aumento das DCNT nessa população e os resultados mostram, de modo geral, elevação da frequência com aumento da idade, assim como em toda a população brasileira. Esses resultados contribuem para a compreensão de particularidades e para a organização de ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças crônicas nesse segmento populacional.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo