ANGIOPLASTIA CEREBRAL: PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E CARACTERIZAÇÃO ANESTÉSICO-CIRÚRGICA

Autores

  • Lucas Dalla Maria Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Victor Luiz Ferreira Kauer Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Bruno Zilli Peroni Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Rudolfh Batista Arend Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Daniel Marchi Kieling Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Eugenio Pagnussatt Neto Clínica de Anestesiologia e Medicina Perioperatória
  • Shana Ginar da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Ivana Loraine Lindemann Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo

Palavras-chave:

neurocirurgia, procedimentos endovasculares, neuroanestesia, assistência perioperatória, perfil de saúde

Resumo

A angioplastia cerebral tem se consolidado como alternativa terapêutica minimamente invasiva no manejo de doenças cerebrovasculares, com impacto direto na morbimortalidade dos pacientes. O conhecimento do perfil clínico-epidemiológico desses indivíduos e das particularidades do ato anestésico-cirúrgico é fundamental para o planejamento perioperatório e a minimização de complicações. Nesse contexto, compreender as variáveis sociodemográficas, de saúde e comportamentais, bem como as estratégias cirúrgicas e anestésicas utilizadas, pode orientar condutas mais seguras e individualizadas. Diante disso, este estudo tem como objetivo caracterizar o perfil clínico-epidemiológico e o ato anestésico-cirúrgico. Trata-se de um estudo transversal realizado em um hospital terciário de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, mediante aprovação ética e dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, com pacientes submetidos à angioplastia cerebral eletiva, de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, de ambos os sexos e com idade igual ou superior a 18 anos. No perfil-clínico-epidemiológico foram utilizadas as variáveis sexo, idade, cor da pele, estado civil, escolaridade, estado nutricional classificado pelo índice de massa corporal, tabagismo, etilismo, medicamento de uso contínuo, multimorbidade (simultaneidade de duas ou mais doenças crônicas) e cirurgias prévias. A caracterização anestésica-cirúrgica abrangeu tempo cirúrgico, técnica anestésica, intubação orotraqueal, posicionamento do paciente e abordagem farmacológica intraoperatória. Amostra composta por 22 participantes, majoritariamente homens (54,5%), com idade igual ou superior a 60 anos (68,2%), brancos (95,5%), casados (59,1%) e com ensino médio completo (59,1%). Em relação aos aspectos comportamentais, 58,8% apresentaram peso inadequado, 31,8% informaram tabagismo prévio/atual e 54,5% relataram etilismo prévio/atual. Quanto à saúde, 95,5% faziam uso contínuo de medicamentos, 95,5% possuíam multimorbidade, com destaque para a hipertensão arterial sistêmica (77,3%), e 86,4% necessitaram de cirurgias prévias. No ato anestésico-cirúrgico, sobressaíram-se tempo cirúrgico inferior ou igual a 60 minutos (54,5%), anestesia local (77,3%), sedação (54,5%), intubação orotraqueal (45,5%) e decúbito dorsal (100,0%). Na abordagem farmacológica intraoperatória, observou-se o uso frequente de Propofol (63,6%) - sedativo, Fentanil (50,0%) e Remifentanil (50,0%) - anestésicos opioides, Lidocaína endovenosa (68,2%) - analgésico adjuvante, Cisatracúrio (40,9%) - bloqueador neuromuscular, Neostigmina (13,6%) - reversor de bloqueio neuromuscular e Lidocaína (45,5%) - anestésico local. Os resultados indicam que a angioplastia cerebral é realizada, predominantemente, em homens idosos, com peso inadequado, etilistas, em uso de medicação contínua e com multimorbidades e cirurgias prévias, reforçando a necessidade de vigilância perioperatória rigorosa. O ato anestésico-cirúrgico foi caracterizado por procedimentos de curta duração, com anestesia local associada à sedação e ampla abordagem farmacológica, refletindo a complexidade do manejo intraoperatório e as práticas institucionais. Os achados obtidos devem ser interpretados considerando a possibilidade de ocorrência de vieses de informação e de seleção, bem como o viés de causalidade reversa, intrínseco ao delineamento epidemiológico transversal. Complementarmente, essas informações podem contribuir para a melhoria dos cuidados perioperatórios e a minimização das complicações pós-operatórias.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo