COMPLICAÇÕES APÓS ESTABILIZAÇÃO DE FRATURAS MÚLTIPLAS EMFILHOTE DE CÃO: RELATO DE CASO
Palavras-chave:
Contratura de quadríceps, osteomielite, fratura, fêmur e tíbiaResumo
A contratura do quadríceps em cães pediátricos após fraturas múltiplas pode indicar
complicações decorrentes de manejo pós-operatório inadequado, imobilização excessiva ou
fisioterapia insuficiente. Já a osteomielite bacteriana, aguda ou crônica, está frequentemente
relacionada a fraturas abertas, mordeduras, procedimentos cirúrgicos ou lesões graves em tecidos
moles adjacentes. Este relato tem como objetivo descrever efeitos adversos observados após
estabilização de fratura em fêmur e tíbia. Paciente canino, macho, SRD, 4 meses e 3,8 kg,
encaminhado com histórico de atropelamento há uma semana, apresentando fratura de fêmur e
tíbia bilateral, confirmadas por radiografia. Após avaliação, realização de hemograma completo
e perfil bioquímico (ALT, FA, creatinina e uréia), as alterações observadas foram hematócrito
(27%) e FA (442 UI/L), o paciente foi encaminhado para cirurgia. No fêmur direito, que
apresentava fratura exposta, foram aplicados pinos de kirschnner de 1mm nas margens medial e
lateral da tróclea em direção proximal, pino intramedular de 2mm em sentido proximal até
imersão pela pele junto ao trocanter maior. A redução da fratura e alinhamento da diáfise foram
estabilizados com dois pinos de Schunz de 1,5mm transversais pela face lateral da coxa, sendo
realizada manobra de dobra e recorte dos pinos com aplicação de resina autopolimerizante,
unindo-se lateralmente a coxa. A musculatura lacerada foi aproximada e procedeu-se o
fechamento padrão até a pele. A fratura de tíbia direita foi estabilizada com alinhamento externo
e aplicação de fio de Schunz de 1,5mm pela margem craniomedial do platô tibial até seu ajuste
distal no canal medular, procedendo o fechamento padrão. Para a estabilização de fratura de tíbia
esquerda foi realizada bandagem do tipo Robert Jones. No pós-operatório instituiu-se terapia com carprofeno (4mg/kg/SID/3 dias), dipirona (25mg/kg/TID/5 dias), tramadol (2mg/kg/TID/5 dias)
e cefalexina (30mg/kg/BID/15 dias). Após 12 dias, o paciente apresentou secreção purulenta em
ferida cirúrgica e ausência de flexão de joelho direito, solicitando nova radiografia que revelou
processo compatível osteomielite, mantendo-se a antibioticoterapia. Após 30 dias do
procedimento, o paciente retornou para remoção dos pinos e realização de radiografia,
evidenciando mau alinhamento do eixo femoral direito e má aposição das margens da fratura e
osteomielite, enquanto a tíbia direita e esquerda apresentaram alinhamento adequado. Observouse ainda persistência de secreção purulenta na ferida, sendo mantida a terapia antimicrobiana.
Dez dias depois, realizou-se cultura bacteriana e antibiograma, com resultados negativos, o que
permitiu a suspensão do tratamento antimicrobiano. A osteomielite pós-traumática é descrita
como resultado de trauma ou infecção durante o tratamento que permitiu a contaminação do osso,
proliferação dos patógenos nos tecidos traumatizados e subsequente infecção óssea. Já a
contratura do quadríceps em cães resulta da formação de tecido fibroso, ligando os músculos
quadríceps ao fêmur distal, geralmente após uma fratura femoral ou trauma, levando a restrição
de movimento do joelho e hiperextensão do membro, como neste caso. Este relato enfatiza a
importância do reconhecimento precoce da contratura muscular e da osteomielite pós-operatória,
assim como o papel fundamental da reabilitação funcional na recuperação de pacientes
pediátricos de trauma.
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