O ISTENT COMO ESTRATÉGIA MINIMAMENTE INVASIVA NO TRATAMENTO DO GLAUCOMA

Autores

  • Caroline Fröhlich Machado UFFS
  • Maressa Madja da Costa Batista
  • Bruna Lara Zardin
  • Ivana Loraine Lindemann
  • Alexandre Dan Cortez Higuchi
  • Daniela de Linhares Garbin Higuchi

Palavras-chave:

glaucoma, pressão intraocular, dispositivos de implante

Resumo

O glaucoma é uma neuropatia óptica crônica e potencialmente progressiva, caracterizada por alterações típicas no disco óptico e na camada de fibras nervosas da retina, sendo a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Existem diferentes formas clínicas da doença, que incluem: glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF), glaucoma de pressão normal (GPN), glaucoma congênito, glaucomas secundários, entre outros. No Brasil, assim como em grande parte do mundo ocidental, o tipo mais prevalente é o GPAA, responsável por aproximadamente 80% dos casos. O único fator de risco modificável é a pressão intraocular (PIO), cujo normal situa-se entre 10 e 21 mmHg. Entretanto, o manejo clínico deve buscar sua manutenção nos valores de “pressão-alvo”, que é a PIO ideal e individualizada para cada paciente a fim de impedir a progressão da doença. O tratamento convencional inicia-se com colírios, laser ou, em casos refratários, trabeculectomia, eficaz na redução da PIO, mas com maior risco de complicações. Assim, a introdução dos procedimentos minimamente invasivos trouxe à oftalmologia uma nova abordagem cirúrgica para o controle do glaucoma, especialmente nos casos iniciais e intermediários. Entre esses procedimentos, destaca-se o iStent, um microdispositivo implantável na malha trabecular que facilita o escoamento do humor aquoso do olho, reduzindo a pressão intraocular de forma segura e eficaz. Ele é indicado, principalmente, para pacientes com GPAA e pode ser implantado no momento da cirurgia de catarata ou como cirurgia isolada (“stand alone”), oferecendo uma alternativa menos agressiva à trabeculectomia tradicional. Dessa forma, esse procedimento representa um avanço no manejo do glaucoma, o que permite um controle da PIO com menor risco de complicações e recuperação mais rápida. Este estudo, com o objetivo de verificar as evidências disponíveis, caracteriza-se como uma revisão narrativa da literatura, realizada na base de dados PUBMED/MEDLINE, utilizando os descritores “iStent”, “trabecular micro-bypass” e “glaucoma”. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados (n = 6), estudos prospectivos (n = 2) e revisões sistemáticas e meta-análises (n = 3) publicados entre 2015 e 2024, sem restrições de idioma, que avaliaram a eficácia e a segurança do iStent no controle da pressão intraocular em pacientes com glaucoma de ângulo aberto. A partir da análise de 4.228 olhos dos estudos avaliados, demonstrou-se que o implante promove, isoladamente ou combinada à facoemulsificação, uma redução eficaz da pressão intraocular (PIO), em média de 25% a 40%, alcançando valores finais frequentemente próximos ou inferiores a 15 mmHg. Além disso, observou-se uma redução média de aproximadamente 1,1 colírios por paciente, indicando menor dependência da terapia tópica. O perfil de segurança mostra baixo índice de complicações, e a recuperação pós-operatória é mais rápida em comparação às cirurgias tradicionais, possibilitando o retorno às atividades habituais em poucos dias. Portanto, o iStent se consolida como um avanço no tratamento do glaucoma de ângulo aberto, oferecendo uma intervenção segura e eficaz que minimiza os riscos e otimiza a recuperação.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo