NEUROCIRURGIA CRANIANA ELETIVA: PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E CARACTERIZAÇÃO DA ANTIBIOTICOTERAPIA INTRAOPERATÓRIA

Autores

  • Maressa Madja da Costa Batista Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Caroline Fröhlich Machado Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Bruna Lara Zardin Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Henrique Padilha Gnoatto Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Lucas Dalla Maria Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Dr. Eugenio Pagnussatt Neto Clínica de Anestesiologia e Medicina Perioperatória
  • Shana Ginar da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo
  • Ivana Loraine Lindemann Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Passo Fundo

Palavras-chave:

antibioticoprofilaxia, neurocirurgia, multimorbidade

Resumo

A neurocirurgia craniana é realizada para tratar condições intracranianas, como tumores e aneurismas. Em procedimentos eletivos, o sucesso depende de avaliação pré-operatória minuciosa por neurocirurgiões e anestesistas. A profilaxia antibiótica intraoperatória é essencial para prevenir infecções no sítio cirúrgico, as quais podem gerar complicações graves, como meningite, encefalite, abscessos cerebrais e maior morbimortalidade. Assim, é indispensável considerar as particularidades clínicas e comorbidades dos pacientes, a fim de otimizar tanto a escolha da antibioticoterapia profilática quanto o manejo perioperatório, garantindo maior segurança e melhores desfechos cirúrgicos. Este estudo objetiva caracterizar o perfil sociodemográfico de pacientes submetidos à neurocirurgia craniana eletiva e analisar sua relação com a antibioticoterapia intraoperatória, visando melhores resultados clínicos. Trata-se de um estudo transversal, com abordagem descritiva, realizado em um hospital terciário localizado em Passo Fundo – RS, envolvendo pacientes com 18 anos ou mais submetidos a neurocirurgia craniana eletiva entre janeiro/2020 e dezembro/2022, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, parecer nº 6.282.730. Os dados foram obtidos por meio da análise de prontuários eletrônicos e contemplaram informações do período pré e intraoperatório. Foram incluídas variáveis sociodemográficas, hábitos de vida, estado nutricional, uso contínuo de medicamentos, presença de comorbidades, ocorrência de multimorbidades e histórico de procedimentos cirúrgicos prévios, as quais foram analisadas no período pré-operatório. No período intraoperatório, avaliou-se a utilização de antibioticoterapia, identificando os antimicrobianos administrados. A análise foi conduzida por meio de estatística descritiva, com apresentação das frequências absolutas (n) e relativas (%) das variáveis categóricas. A amostra foi composta por 97 pacientes, sendo 50,5% do sexo feminino e 42,3% com idade superior a 60 anos. A maioria era de cor branca (92,8%) e possuía cônjuge (54,6%). Quanto à escolaridade, o nível mais prevalente foi o ensino fundamental incompleto (43,2%). Em relação aos hábitos de vida, 66% negaram tabagismo e 64,9%, etilismo. No tocante ao estado nutricional, 51,5% apresentaram peso inadequado. O uso de medicamentos de forma contínua foi referido por 88,7% da amostra. A presença de comorbidades foi identificada em 95,9%, destacando-se doenças oncológicas (53,6%). Multimorbidades foram observadas em 82,5% dos casos, com maior frequência de hipertensão arterial sistêmica (53,6%) e doenças cardiovasculares (20,6%). Procedimentos cirúrgicos prévios foram relatados por 86,6%. Durante o intraoperatório, 93,8% receberam antibioticoterapia, sendo a cefazolina a mais empregada (89,7%), seguida por gentamicina (25,8%), clindamicina (4,1%) e ceftriaxona (3,1%). O estudo mostrou predominância de pacientes idosos, do sexo feminino e com múltiplas comorbidades, evidenciando a complexidade da assistência em neurocirurgia craniana. A cefazolina destacou-se como antibiótico intraoperatório mais utilizado, possivelmente devido a sua eficácia comprovada na redução das infecções de sítio cirúrgico e ação de penetração tecidual adequada. A elevada frequência de multimorbidades reforça a importância da avaliação pré-operatória criteriosa e do cuidado individualizado. Entre as limitações, ressaltam-se os possíveis vieses de seleção, informação dos prontuários e causalidade. Ainda assim, os resultados ponderam o uso racional de antimicrobianos, contribuem para maior segurança cirúrgica e orientam protocolos futuros.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências da Saúde - Pesquisa - Campus Passo Fundo