IA NA SALA DE AULA: ENTRE A FERRAMENTA E A FALÊNCIA DA REFLEXÃO

Autores

  • Lucas Soares Carvalho Goulart Moura UFFS
  • VIEIRA, R.G UFFS- Chapecó-SC

Palavras-chave:

inteligência artificial, pibid, pensamento crítico

Resumo

A Inteligência Artificial (IA) irrompeu no ambiente educacional como um fenômeno cultural e tecnológico inevitável. Longe de ser uma ferramenta integrada por uma política pedagógica consciente, ela adentrou as salas de aula pelos celulares dos estudantes, impondo um novo e complexo desafio à nossa prática docente. Observamos, cotidianamente, que os alunos possuem acesso e utilizam essas plataformas de forma massiva, especialmente na elaboração de trabalhos dissertativos e respostas complexas. O impacto, vai muito além da facilidade de acesso à informação: reflete-se diretamente na qualidade do ensino e na essência do processo de aprendizagem. O que deveria ser um caminho de investigação e construção crítica do conhecimento está se transformando em um processo mecânico e operacional. O aluno, muitas vezes, não pensa em reformular profundamente a pergunta para gerar novo conhecimento, mas sim em copiá-la ou adaptá-la superficialmente para o algoritmo. Ao obter uma resposta pronta, ele a transpassa para o seu material, sem qualquer elaboração ou reflexão pessoal sobre o tema. Esse ciclo vicioso esvazia o sentido da educação: o professor é reduzido à função de avaliador de um produto final, e o aluno, a um mero operador de um sistema, alienado do próprio saber que deveria construir. Este banner surge como um alerta e um convite à reflexão coletiva. Embora não apresentemos uma pesquisa de campo extensiva, nossos relatos observacionais se alinham a um coro de preocupações expressas por educadores em todo o mundo. Estudos nacionais e internacionais já começam a corroborar essa tendência, apontando para o aumento de textos com uma "voz artificial", argumentos genéricos e uma clara dificuldade por parte dos alunos em defenderem ideias que, na realidade, não são fruto do seu pensamento. Este problema ganha contornos ainda mais graves quando contextualizado pela Reforma do Ensino Médio e pela proliferação de plataformas digitais de gestão. Esses modelos, que frequentemente exploram e precarizam o trabalho docente, priorizam a entrega de resultados e a eficiência quantificável em detrimento do processo reflexivo e humanizador da educação. Como podemos dialogar abertamente com os alunos sobre as limitações, os vieses e os objetivos éticos por trás do uso da IA em um ambiente que já não valoriza o pensamento crítico? Nosso objetivo é romper o silêncio e iniciar uma conversa urgente dentro do SEPE. Sua experiência é fundamental. Como você tem lidado com isso em sua escola? Que estratégias, mesmo que incipientes, têm sido discutidas? Este espaço é para compartilhar vivências e buscar, coletivamente, saídas que garantam que a tecnologia sirva à educação, e não o contrário.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Ensino - Campus Chapecó