LER E NÃO COMPREENDER: UM OLHAR PARA AS DIFICULDADES DE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL ENTRE JOVENS

Autores

  • Laura Karolina Ribeiro dos Santos UFFS
  • Jonas Antonio Bertolossi Universidade Federal da Fronteira Sul/ Campus Erechim

Palavras-chave:

Interpretação textual; Leitura crítica; Letramento digital.

Resumo

A dificuldade de interpretação textual entre jovens de 15 a 24 anos configura-se como um dos principais desafios enfrentados pelo sistema educacional contemporâneo. Em um contexto marcado pela velocidade das informações e pela predominância do digital, interpretar textos de forma crítica e reflexiva torna-se uma competência fundamental para o exercício da cidadania e a participação ativa na sociedade. Diante disso, esta pesquisa partiu da seguinte questão norteadora: quais são as principais causas apontadas pela literatura acadêmica para as dificuldades de interpretação textual em língua portuguesa entre jovens de 15 a 24 anos? O objetivo geral consistiu em compreender, a partir da literatura existente, os fatores que dificultam a interpretação textual nesse público. A metodologia partiu de uma abordagem qualitativa, de natureza bibliográfica, fundamentada na análise crítica de obras e estudos científicos publicados entre 2000 e 2023. O levantamento foi realizado em bases acadêmicas como SciELO, Google Acadêmico e Portal de Periódicos da CAPES. A análise seguiu a técnica da análise temática de conteúdo , estruturada em três eixos analíticos: ensino da leitura, letramento digital e formação docente. No eixo do ensino da leitura, os resultados revelaram que a ênfase em métodos tradicionais e mecânicos, centrados na decodificação, limita a compreensão crítica e afasta os jovens do potencial emancipador da leitura. Estratégias mais dialógicas, como rodas de leitura e produções colaborativas (fanzines, blogs), foram apontadas pela literatura como alternativas para transformar a leitura em uma experiência viva e significativa. No eixo do letramento digital, identificou-se que, embora as tecnologias ampliem o acesso a textos, o consumo fragmentado de informações digitais prejudica a concentração e a leitura profunda. Iniciativas como o uso de plataformas digitais (Google Sala de Aula, Kahoot!, redes sociais) podem aproximar a leitura do universo dos jovens, mas exigem mediação crítica dos professores e condições estruturais adequadas, especialmente na rede pública. No eixo da formação docente, destacou-se que a insuficiência na preparação inicial e continuada dos professores compromete a mediação da leitura de forma significativa. A literatura evidencia a urgência de investir em programas de capacitação que abordem tanto metodologias ativas quanto o letramento digital, de modo a fortalecer a prática pedagógica e o papel crítico do professor. Concluiu-se que superar as dificuldades de interpretação textual entre jovens requer reconfiguração das práticas pedagógicas, valorizando metodologias ativas, mediações sensíveis e o uso reflexivo da tecnologia. Para isso, é essencial investir na formação docente de qualidade, bem como em políticas públicas e condições estruturais que assegurem o acesso a experiências leitoras democráticas, críticas e transformadoras.

Biografia do Autor

  • Jonas Antonio Bertolossi, Universidade Federal da Fronteira Sul/ Campus Erechim

    Professor do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Erechim.

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Publicado

24-10-2025

Edição

Seção

Ciências Humanas - Pesquisa - Campus Erechim