CONTRIBUIÇÃO DAS AÇÕES DE EXTENSÃO NA FORMAÇÃO ACADÊMICA: EXPERIÊNCIAS EM UM PROGRAMA DE ATENÇÃO NUTRICIONAL ESPECIALIZADA PARA ATLETAS E CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Resumo

A extensão universitária constitui-se como um espaço privilegiado para a integração entre teoria e prática, contribuindo para a formação profissional humanizada, crítica e socialmente comprometida, em que os benefícios são mútuos para os atores envolvidos, uma vez que a comunidade também é beneficiada com a oportunidade de serviços especializados. No caso do Programa de Atendimento Nutricional Especializado (PROANUTRE), são oferecidos atendimento nutricionais gratuitos, por meio de dois projetos, para dois públicos distintos do município de Realeza-PR e região: atletas amadores e crianças com seletividade alimentar e transtorno do espectro autista (TEA). O programa está em vigência desde maio de 2024. Este trabalho teve como objetivo relatar a experiência de estudantes do curso de graduação em nutrição extensionistas em nos projetos de atendimento nutricional especializado que constituem o PROANUTRE. Os projetos foram conduzidos pelas equipes executoras formadas por estudantes, nutricionista técnico administrativo em educação e docente, visando não apenas a melhoria dos desfechos clínicos e funcionais dos indivíduos, mas também a consolidação de competências técnicas, científicas e éticas dos acadêmicos envolvidos. No projeto destinado a atletas, foram realizados 118 atendimentos (consultas e retornos) para 25 indivíduos, abrangendo diferentes modalidades como futebol, futsal e corrida. Os atendimentos foram realizados de forma individual, e incluíram a avaliação da composição corporal, da história clínica e alimentar, visando a prescrição dietética personalizada e monitoramento periódico do desempenho físico voltados a adequação de macronutrientes e micronutrientes, estratégias de hidratação e suporte de recuperação pós-treino e competições. O contato direto com demandas de diferentes modalidades esportivas possibilitou que o extensionista compreendesse as particularidades fisiológicas e metabólicas relacionadas ao desempenho, além de favorecer o aprendizado sobre a integração entre alimentação e treinamento físico. Essas experiências  ampliaram a capacidade de análise crítica, tomada de decisão e adaptação de condutas conforme as particularidades de cada indivíduo, incluindo sua rotina, questões sociais, fase de temporada, tipo de prova e resposta individual do atleta. No projeto direcionado a crianças com TEA, foram realizados 54 atendimentos (consultas e retornos) para 10 indivíduos. Os atendimentos incluíram: triagem alimentar, identificação de seletividade e aversões sensoriais, e orientações às famílias e cuidadores. Esse projeto, por sua vez, exigiu habilidades adicionais a demanda do extensionista, especialmente no que se refere à adaptação da comunicação, a sensibilidade ás questões sensoriais e ao manejo de seletividade alimentar. Esses desafios contribuem para o desenvolvimento de uma postura profissional empática, paciente e criativa, além de estimular o aprofundamento em áreas como neurociência, estratégias de introdução alimentar gradativa e avaliação do estado nutricional considerando parâmetros não convencionais. Ao vivenciar as realidades distintas dos projetos, mas igualmente complexas, os extensionistas puderam desenvolver flexibilidade cognitiva, habilidades de gestão de tempo e pensamento crítico. Assim, as ações de extensão assumem um papel formativo central, constituindo-se como espaços de experimentação prática, reflexão e construção de saberes aplicados. Ao vivenciar desafios concretos e propor soluções personalizadas, a experiência extensionista não apenas fortalece a formação acadêmica, mas também contribui diretamente para a transformação social e para a consolidação de uma prática profissional comprometida com a saúde e a dignidade humana.